1974 - 2020
Era transparente e tinha a habilidade inesquecível de exalar sossego.
Aproveitou-se da tranquilidade que detinha para traçar sonhos enormes. Ele sabia que, com calma e dedicação, chegaria onde desejava. E chegou.
Através de seu esforço, ingressou na polícia, já que almejava servir a sociedade. Auxiliava a população como escrivão. Acreditava no poder das palavras. Sabia que elas podiam inocentar ou culpar, abraçar ou ferir.
Em sua vida, ele escolheu abraçar. E abraçou tanta gente... Incluindo os sobrinhos, seus grandes amores, que tratava como se fossem filhos.
Assim como os rios, de seu Amazonas, ele soube ser paz, proveu para muitos, mas, vez ou outra, foi banzeiro — principalmente nos momentos em que presenciava desorganização. Tinha uma mania de limpeza expressiva, de modo que, até sair do banheiro molhado, era motivo de discussão.
Por falar nos gostos, Wanderley apreciava bons pratos. Era bom de garfo. Sempre se achava acima do peso, mesmo estando em boa forma. Tratando-se de música, adorava "How Deep Is Your Love", de Calvin Harris. Ele colocava a melodia para tocar no rádio, em seu carro, quase todos os dias.
Fã de vôlei, não perdia uma transmissão sequer! Assistia a todos os jogos, independentemente dos times que estavam em quadra. Ele praticou o esporte na adolescência, como amador.
"O que mais me faz lembrar dele são as ligações da tarde. Wanderley me telefonava perguntando se poderia vir para minha casa, mesmo sabendo que nem precisava de convite", relata o amigo Fernando.
Wanderley nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 46 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo amigo de Wanderley, Fernando Bezerra Mendonça. Este tributo foi apurado por -, editado por Vitória Freire, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.