1952 - 2020
Fazia tapetes com capricho, e gostava de presentear pessoas queridas com suas peças.
Yara fazia questão de ser chamada por seu nome, Yara. Era apaixonada pelo conjunto de quatro letras que carregava um significado forte, Yara significa Rainha das Águas.
Ela trabalhou como feirante vendendo legumes por muitos anos, nesta profissão construiu boas amizades e histórias. Yara foi uma mulher guerreira, digna de seu nome, durante a gravidez subia no caminhão e descarregava as mercadorias. Na feira nem todo dia é dia de sol, alguns dias eram frios e outros chuvosos, ela enfrentou todos para conquistar seu dinheiro.
Ela gostava de se sentir útil e de correr atrás de seus objetivos. Quando suas filhas, Ana Paula e Fabiana, tinham respectivamente, dez e cinco anos, Yara deixou de trabalhar como feirante, para cuidar exclusivamente das pequenas e oferecer a elas todo amor e cuidado que elas mereciam.
Yara gostava de cozinhar comidas simples como arroz e feijão acompanhados de legumes. Não ligava muito para carnes, exceto se estivesse bem passada e sem gordura. Além desses pratos, fazia uma feijoada deliciosa e apreciava uma cerveja geladinha.
Em suas horas livres fazia tapetes de crochê, palavras cruzadas e bolos. Aprendeu a fazer tapetes com sua mãe e com o tempo sentiu necessidade de refinar a arte, começou a olhar vídeos e tutorias.
Ela foi uma grande torcedora do Santos. Já foi ao estádio para assistir jogos, e não perdia uma partida transmitida na televisão! Quando o Santos vencia, ela tirava o sarro do time perdedor, principalmente quando era o Corinthians, já que suas filhas eram torcedoras do Timão.
Yara cuidou de sua mãe, Maria, por muitos anos. As duas eram inseparáveis. Cuidar da mãe acamada nunca foi esforço para ela, sempre fez tudo com muito amor e zelo.
Ana Paula, uma de suas filhas relembra que quando crianças, sua mãe mantinha sempre a mesma rotina em relação a elas: acordar, tomar banho, café da manhã e ir para a escola. Muito zelosa, encapava os livros e cadernos de suas pequenas, estudavam e também faziam as lições de casa juntas. Yara sempre pedia para que as filhas lessem o conteúdo, e depois fazia perguntas sobre o tema para ver se elas estavam com a matéria na “ponta da língua”. Tiveram momentos muito felizes, e a cada fase que as filhas passavam, Yara comemorava e dava todo seu apoio.
Ana resume dizendo que desde que “se conhece por gente”, sua mãe era na verdade uma supermãe que não se desgrudava das duas filhas. Quando adulta, Fabiana mudou-se para o exterior, e Yara precisou a aprender a conviver com a saudade e a distância física que existia entre ela e a filha. Ana Paula foi a primeira a promover Yara de mãe a avó e em seguida Fabiana ampliou a função. Yara foi avó de João Vitor, Camilla e Antony.
A filha homenageia a mãe dizendo: “Nossa mãe sempre foi uma mulher guerreira, simples e trabalhadora, como uma extensão de nós. Parece que perdi meus braços, minhas pernas, meu coração e está muito difícil viver com essa saudade.”
Yara nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Yara, Ana Paula Martins Servilha Camargo. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha , editado por Vera Dias, revisado por Claiane Lamperth e moderado por Rayane Urani em 24 de maio de 2022.