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Zenaide Barbosa Pereira

1940 - 2020

Dona de uma risada contagiante, não aceitava menos que a felicidade.

Cheia de vida e de energia, assim foi Zenaide. Ô mulher que tinha alegria de viver! Quem a conhecia, sabia que ela tinha pressa para ser feliz. Não aceitava menos que isso.

Foi casada com João, com quem teve sete filhos: Cidinha, Camilo (in memoriam), Rita, Regina, Vera, Raquel e Marcelo. O casal também cuidou de um sobrinho, o Gerson. Depois de vários anos da perda de João para o câncer, Zenaide se casou com Jorge, com quem sempre foi muito feliz, formando um casal bastante animado.

Mulher batalhadora, passava os dias trabalhando para dar uma vida melhor para os filhos, os 18 netos e os 13 bisnetos.

Tinha um jeito cativante, um sorriso largo e a habilidade de fazer piada até nos momentos mais difíceis. “Não havia quem não gargalhasse com ela ao ouvir a sua gargalhada. É essa sua marca registrada, com certeza. Inspiração para muitas gerações”, conta a neta Anne Carolina.

Com 80 anos, esbanjava vitalidade e tinha mais preparo físico que muito adolescente. Imagine que Zenaide treinava vôlei com o grupo da melhor idade e, inclusive, chegou a participar dos Jogos Regionais do Idoso e a viajar para as cidades da região de Ribeirão Preto com o grupo. Também amava dançar, cantar no coral e participar da fanfarra e dos desfiles de Sete de Setembro.

Se a vitalidade estava em alta, o mesmo podia-se dizer da vaidade. “Seu guarda-roupa sempre foi repleto de vestidos e sua penteadeira cheia de colares e brincos. Não dispensava o batonzinho e os anéis nem para ir até a vendinha buscar pão”, lembra a neta, que também não se esquece do capricho com que a vó fazia os mais lindos bordados nos panos de prato e nas toalhinhas para cada neto ou neta que fosse se casar.

“No casamento de uma das netas viveu uma honra especial: realizou o sonho de ser dama de honra, carregou as alianças até o altar, parecia uma princesa”, lembra Anne Carolina.

A paixão pela vida fazia de Zenaide uma mulher aventureira, sempre disposta a viajar e a conhecer lugares novos. Quem quisesse convidá-la não precisaria chamar duas vezes, porque logo na primeira a sua mala já estava pronta.

Não tinha medo de nada, nem de avião, nem do mar, nem de roda-gigante... Ou melhor, tinha um único medo, e por incrível que pareça era de escada rolante. "Como assim, vó?”, perguntava a neta. E ela respondia: "Ah, na escada rolante não vou mesmo. Mas se me chamar pra andar de avião, vou agorinha, tô pronta!", e logo vinha com aquele riso frouxo.

“Vó, o seu amor-próprio vai continuar a nos inspirar para que não aceitemos nada menos que a felicidade, assim como feito pela senhora, que a perseguiu e foi muito feliz”, declara-se Anne Carolina, ou Nina, como era chamada por Zenaide, que guarda viva a esperança de um dia reencontrar a avó.

Zenaide nasceu em Morro Agudo (SP) e faleceu em Jardinópolis (SP), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Zenaide, Anne Carolina Festucci. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 20 de novembro de 2020.