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Bernardete Alves Maia e Castro

1936 - 2020

Dizia que voar era maravilhoso, e tinha sempre uma mala pronta e à espera do convite para viajar.

Ela nasceu no Ceará, mas mudou-se para o Maranhão ainda criança, com os pais e irmãos. Casou-se com Albino e juntos tiveram os filhos Edilânia, Suzelânia e Assis, e também adotaram Valdemir e Manoel. Após criar os filhos, ela ainda ajudou a criar os quatro netos — Milena, Cintia, Albino e Karen — e conviveu com dois bisnetos, Pedro Henrique e Lívia.

Seu nome era Bernardete, mas todos a chamavam de Naete. A neta Milena lembra que a avó sempre contava a história do seu nome. “Dizia que era para ser Bernardina, mas que a avó achou que esse nome não combinava com um bebê, então escolheram Bernardete. Ela ria muito, dizendo que também era grande e que um era quase igual ao outro”.

A costureira Naete gostava muito de conversar, sorrir, viajar e... voar. Isso mesmo! A neta explica que, mesmo oitentona, a avó passeou de helicóptero, de ultraleve e fez voo panorâmico de paramotor. “Antes da decolagem, alguém perguntou se ela estava com medo e ela respondeu que não, que voar 'era maravilhoso'. Ela dizia que era melhor do que andar de carro, pois nem tremia”, recorda a Milena.

Grande fã de Agnaldo Timóteo, Naete realizou o sonho de ir ao show e entrar no camarim do seu ídolo para conhecê-lo e tirar fotos. Aliás, Naete amava tirar fotos e ser filmada. Milena conta que a avó sempre teve afinidade com as câmeras, mesmo que dissesse o contrário. Gostava de gravar vídeos e brincava que “o ruim era ser tão famosa assim, mas não ser rica”.

A desenvoltura de Naete, registrada nos vídeos que a família gravava, também se fazia presente quando ela contava suas histórias da infância, fazendo todos sorrirem a sua volta, seguindo o seu mantra: “É melhor sorrir do que chorar”.

Muito religiosa, Naete agradecia diariamente pelo dom da vida. Amante de viagens, estava sempre de malas prontas à espera de um convite. E não economizava na bagagem: sempre levava muitas malas, já que quem carregaria o peso era o carro e não ela. “Antes sobrar do que faltar”, dizia.

Na última viagem da vida, Naete partiu voando e com leveza, já que sua bagagem — as lembranças de suas histórias alegres — permanece no coração de todos que com ela conviveram.

Bernardete nasceu em Caririaçu (CE) e faleceu em Fortuna (MA), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Bernardete, Milena de Castro Lima. Este tributo foi apurado por Rosimeire Seixas, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 21 de dezembro de 2021.