1945 - 2021
Sua chegada era anunciada pelo jardim que trazia em seus vestidos.
Onde quer que Delci estivesse, ali também estava a alegria e a força de sua presença. Foi mulher de voz inconfundível e mãe de quatro filhos, que reconheciam de longe sua risada tão característica. Ensinou a irmã Toinha a cozinhar e não perdia uma oportunidade de subir na garupa de uma moto para ir ao seu encontro prosear na calçada. Gostava muito de estar rodeada de pessoas, tanto é que almoços e cultos eram eventos indispensáveis para ela. Compartilhava fé e colecionava momentos e sorrisos — ninguém saía de sua presença sem se sentir melhor e mais feliz.
"E aí, que tal?", perguntava ela; "Linda, sempre linda!", destacava o sobrinho. O perfume anunciava a chegada da princesa da família, que estava pronta para embelezar os lugares com as flores de seus mais belos vestidos. E se alguém não estivesse em um dia bom? "Oh, coitado!" Ela sempre tinha uma história nova para contar e gargalhadas para despertar — ninguém escapava do seu humor.
Delci foi casada com o Seu Zé, que também se rendeu às graças da maranhense. Dançava escondida sempre que podia e cuidava da casa com o zelo de mãe, esposa, avó e bisavó. Sua voz forte e alta lembrava sua própria personalidade: uma fortaleza inabalável. Não se deixou entristecer nem mesmo em um leito de hospital: no fundo, ela sabia que estava prestes a alegrar os anjos — e que sorte a deles!
Nos corações de todos os familiares, ficam a inesgotável saudade e a sensação de terem emprestado um pouco de humor e alegria aos Céus.
Delci nasceu em Vitorino Freire (MA) e faleceu em Vitorino Freire (MA), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo sobrinho-neto de Delci, Filipe do Nascimento Lopes. Este tributo foi apurado por Ana Laura Menegat de Azevedo, editado por Marina Garcia Lara, revisado por Débora Spanamberg Wink e moderado por Rayane Urani em 30 de agosto de 2021.