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Francisca Ângelo Silva

1956 - 2020

Com humildade, se fez grande. Rezava para aliviar dores, angústias e desespero.

Francisca era conhecida por todos como Chicolinha.

Para Chicolinha, a vida nunca foi fácil. Perdeu seus pais ainda jovem e daí para frente dedicou-se a cuidar de seus irmãos, sobrinhas e agregados no Sítio Galante, em sua casinha simples, mas rica de amor e alegria infinita, até que todos puderam mudar para a cidade. E, quando ela mudou de casa, não mudou o que ela escolheu ser: uma pessoa humana que se doava pelo humano!

Com sua humildade e com sua imensa sabedoria, não fazia nada para aparecer e isso a tornava uma gigante aos olhos alheios.

A grandeza do seu coração superava tudo e qualquer coisa. Seu amor e sua alegria deixaram significativas marcas que não foram registradas em fotos, porque ela não gostava muito delas. Nem por isso as boas lembranças se desfizeram porque ficaram registradas de forma profunda e especial no coração de cada um que com ela conviveu.

Era muito devota de Nossa Senhora e possuía uma fé infinita, que a encorajava. Com seu dom de rezar por todos que a procuravam tornou-se uma “rezadeira” que, por meio de suas orações, acalmava dores, angústias e desespero.

Por meio de Evaneide, Cristiana Fernandes começou a conviver com Francisca, que a acolheu como da própria família e dela se tornou uma irmã, afilhada e, mais tarde, cunhada e comadre. Quando Cristiana, mudou-se para São Paulo ela foi abençoada por Chicolinha e, quando voltava à sua cidade, era por ela esperada sempre com alegria, festa e um belo banquete preparado.

Num destes passeios à sua terra no ano de 2019, ela sentiu uma dor muito desconfortável que só foi aliviada com a abençoada “reza” da amiga que a fez sentir-se muito melhor, a ponto de poder aproveitar os dias que lá esteve com os amigos.

Por isso e por muito mais, Cristiana expressa sua gratidão por Chicolinha com a certeza que, de algum lugar, ela sabe do amor, carinho, respeito e admiração que todos sentem por ela e se recorda da frase que sua afilhada utilizou na hora de sua despedida:

“Deus nos deu, Deus tirou. Bendito seja o nome do Senhor”.

Que ela vá em Paz e continue cuidando de todos como sempre cuidou!

Francisca nasceu em São José de Piranhas (PB) e faleceu em Cajazeiras (PB), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Francisca, Cristiana Pessoa Fernandes. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Vera Dias, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 26 de março de 2021.