Geraldo Filgueiras Parente

1941 - 2021

Na solidão do sítio, protegeu os que amava, mostrando que o verdadeiro heroísmo está em cuidar dos outros.

Seu Geraldo nasceu em Barbalha, Ceará, filho de Pio e de Maria Dolorosa. Pertencia a uma família tradicional na sua região, era bisneto do Coronel Totonho Filgueiras, um poderoso proprietário de terras e líder político daquela cidade, e quinto neto de José Pereira Filgueiras, o caudilho que liderou as tropas brasileiras contra Fidié, na Guerra de Independência do Brasil, e participou da Confederação do Equador.

Pelo lado materno era descendente dos Geremias, líderes políticos de Terra Nova, e seus pais eram parentes próximos.

Teve uma infância cheia de aventuras, que gostava de contar ao filho João Paulo. Na adolescência, foi morar na casa de seu tio paterno, Girino, em Recife, onde estudou na tradicional Escola Carneiro Leão.

No ano de 1960 seu pai se envolveu em problemas com uma família aparentada e ele e os irmãos tiveram que emigrar para a região Sudeste. Ali trabalhou em fábricas, como Inspetor de Qualidade, por duas décadas.

Em 1978 retornou ao Nordeste e fixou residência em Terra Nova, na fazenda do pai, casando-se logo em seguida com Eurides Filgueiras, uma parente afastada. Esse casamento não foi muito bem visto por suas famílias, porque ele tinha alguns problemas com álcool e depressão. Tiveram um único filho, que foi criado na fazenda e que, assim como o pai, acabou tendo que morar na casa das tias, em Salgueiro, para estudar.

Seu Geraldo aposentou-se como produtor rural. Ele era ao mesmo tempo uma pessoa alegre e reservada. Muito inteligente, lia bastante. Em momentos de depressão, gostava de ficar sozinho no sítio da família.

Com a pandemia, isolou-se no sítio para proteger a esposa, que tivera problemas mentais e que acabou por desenvolver Alzheimer. Seu Geraldo e o filho cuidaram dela a ponto de ele se esquecer de cuidar da própria saúde.

Foi então que, em dezembro de 2020, embora fosse aparentemente saudável, ele começou a apresentar problemas de saúde, que logo se agravaram. Embora preferisse ser tratado em casa para não expor os familiares e a esposa ao risco da Covid-19, precisou ser internado e, uma vez contaminado, faleceu vinte dias após dar entrada no hospital.

Uma vida digna de ser reverenciada pelas lutas que enfrentou!