Maria de Fátima Dutra da Silva

1961 - 2020

Fazia dois tipos de pudim para alegrar a todos da família.

Ela foi uma mulher muito sincera, humilde e amorosa. Tinha também como característica ser uma pessoa decidida e de opinião bem formada. Com ela era tudo na base do "sim ou não", não havia meio termo. Seu maior atributo era a sua lealdade. Impossível também não lembrar de sua deliciosa risada. Maria dedicou a vida ao cuidado dos seus. Casou-se com Gervásio José e teve três filhos: Emerson, Anderson e o caçula Cleberson. O sonho de ter uma menina realizou-se quando ela participou ativamente da criação da neta Emily.

Maria e Gervásio José formaram um casal harmônico, que se completava: era como se um fosse a metade do outro! Havia várias semelhanças entre eles, conversavam bastante entre si, mas eram mais fechados com estranhos. Especialmente a Maria, que podia ser muito engraçada, mas só com as pessoas com quem tinha intimidade; já o marido era muito brincalhão, o que suavizava o lado sério da esposa. Tinham por hábito passar o período da tarde na varanda, nas cadeiras de balanço: um momento sagrado de todos os dias.

Maria costumava pintar os cabelos de Gervásio, cortar suas unhas e até fazia massagens quando ele chegava cansado do trabalho. Tinham também o costume de fazer caminhadas duas vezes por semana e, às vezes, aos sábados e domingos, passeavam no Parque das Águas. Eles tinham um trato: se ele concordasse em assistir à novela que ela gostava, ela teria que prometer que assistiria ao filme do gosto dele! E era sempre assim, companheiros até mesmo de televisão. Maria gostava bastante de novelas e a neta Emily, para agradá-la, providenciou a assinatura de um aplicativo para que a avó pudesse rever suas novelas favoritas pela internet; entre elas, "Senhora do Destino".

Maria tinha uma certa dose de timidez com as palavras, mas era muito ativa com gestos e ações para demonstrar seu amor. Costumava manifestar seu bem-querer de outras formas, como por exemplo cozinhando. Amava cozinhar. Não deixava ninguém chegar perto do fogão. Era sua tarefa. Aos domingos, sua lasanha era bastante disputada. De sobremesa era o pudim. Ela preparava dois tipos: pudim de leite condensado e pudim de pão, para agradar a todos os gostos. A neta Emily tem feito a receita para se lembrar da avó, mas confessa que não tem sido fácil reproduzir o mesmo sabor.

A neta foi a filha que a vida lhe deu de presente: Dona Maria cuidou de Emily desde os primeiros meses, pois a mãe trabalhava em outra cidade. Gostava de fotografar a netinha! Para isso, arrumava lindamente seus cabelos, vestia a menina com roupas novas e pedia que fizesse poses para fazer um belo registro. Assim, ela montou um álbum somente com as fotos de Emily, para guardar de recordação.

Emily conta que a avó foi fundamental para que ela superasse seus medos. Quando era pequena, sua cama ficava ao lado da dos avós e sempre que sentia medo de algo, logo buscava a segurança e o carinho da avó. Então, elas dormiam de mãos dadas, com a mãozinha de Emily passada entre as grades de proteção da cama. Emily nunca fez um exame de sangue nem tomou vacina alguma sem segurar nas mãos de Dona Maria... pois tem medo de agulha! E certa vez, quando teve uma forte alergia e precisou ficar internada por uma semana, foi a avó quem ficou ao seu lado o tempo todo.

As duas, além do amor de avó e neta — até mesmo de mãe e filha —, criaram uma linda amizade. Emily conta que considera a avó como sua melhor amiga e confidente. Ela revela que quando sente necessidade, por estar passando por algum momento difícil, pede ao avô que a leve para visitar a campa onde hoje descansa a tão querida avó, para que ali ela possa refletir sobre aquilo que a preocupa e consiga aliviar seus medos, preocupações e tristezas.

Dona Maria foi só amor e deixou muita ternura e saudade!