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Geraldo Faustino de Araújo

1951 - 2020

Foi amado por suas palavras sábias e sua alegria.

Um homem grande em suas atitudes, de hábitos franciscanos, que vivia exatamente aquilo que pregava: amor ao próximo, desapego às coisas materiais e valorização da vida, qualquer que fosse ela.

Filho do Zé e da Maria, nasceu numa época em que deficiência física era vista como doença e, apesar do apoio incondicional da família, ele enfrentou muitas batalhas.

De família numerosa, Geraldo tinha sete irmãos: Genilda, Lucia, Margarida, Inez, Zezinho, Antônio e Joãozinho. Um dia, seis de seus irmãos foram para o Rio de Janeiro, em busca de uma vida melhor, e de lá eles ajudavam como podiam os que persistiam em não abandonar sua terra, mesmo que muitas vezes não tivessem o alimento de cada dia.

E Gerado, como era conhecido, era um desses sobreviventes: resistiu a tudo e permaneceu ao lado do pai e da mãe que, anos depois, lhe seria tirada por um câncer. Com sua partida coube ao Geraldo cuidar de seu amado pai, dando-lhe todo apoio necessário e afeição, e cuidar da casa, lavando, passando, cozinhando. Seu pai também partiria deixando o Gerado na velha casa do sítio em que morava e onde permaneceu por mais de quinze anos cuidando sozinho de seu legado, de sua história, como um verdadeiro guerreiro.

Poucos teriam a força para superar as agruras da vida como o Geraldo teve. Em seu coração não havia lugar para amargura, só amor, que ele distribuía generosamente aos familiares e incontáveis amigos que fez ao longo de sua difícil jornada.

Geraldo vivia o presente, pois tinha consciência de que o amanhã era um mistério e a ninguém pertencia. Sua mensagem de paz e sua luz eram capazes de afugentar a escuridão, o medo, a maldade e transmitir a paz.

“Gerado, presente em nossas memórias, é capaz de proporcionar um conforto e um bem-estar espiritual bem próximo de Jesus, pois não há outra explicação para o que representou para as gerações de nossa família e amigos", diz o sobrinho José Fabiano, que acredita que seus ensinamentos jamais serão esquecidos por todos os que tiveram o privilégio de partilhar momentos ao seu lado.

Geraldo nasceu em Guajão (PB) e faleceu em Serra Branca (PB), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo sobrinho de Geraldo, José Fabiano de Araujo Oliveira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Rosa Osana, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 21 de dezembro de 2021.