1937 - 2020
Conversava segurando a mão da outra pessoa, para que ela ficasse mais um pouco.
Teve uma infância humilde na zona rural. Daquela época colecionou muitas histórias dos pais, histórias que contou para os filhos e netos por toda a vida. "Os relatos eram sobre 'papai e mamãe', como ela ainda chamava os pais, mesmo aos 83 anos", recorda a neta Nayara.
Criou os sete filhos e sentiu a dor de perder três deles. Ficou viúva do único companheiro de cinquenta e seis anos, o João Tavares.
Gostava de conversar sobre qualquer coisa, queria sempre estar na companhia de alguém. Amava guloseimas, especialmente arroz doce e bolo. Andava sempre arrumada, com os vestidos preferidos sempre muito bem cuidados.
Tinha muita fé em Deus e dizia que todos somos capazes de passar por adversidades, mesmo que a nossa humanidade nos impeça de ver sentido em algumas situações. "Acredito que ela gostaria de ser lembrada alegre e rodeada dos filhos e netos, como nas festinhas de aniversário que todo ano minha tia preparava para ela", diz a neta.
Sentiu aos poucos sua memória se esvaecer com a chegada do Alzheimer, mas foi forte até o fim. E como foi! Na véspera da sua partida, mesmo já bastante debilitada, reuniu muitos à sua volta. Ela, que sempre gostou de companhia, precisava saber que estávamos lá. Por ela.
Conceição nasceu em Lavras (MG) e faleceu em Lavras (MG), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Conceição, Nayara Pereira Tavares. Este tributo foi apurado por Denise Stefanoni, editado por Rayane Urani, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 6 de abril de 2022.