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Adão Pagnossin

1966 - 2021

Os fregueses sempre foram seu maior compromisso, por isso temperou seu trabalho com sabor, honra e excelência.

De origem simples, Adão viveu a infância em Jaguari, no interior do Rio Grande do Sul, com os pais e irmãos. Desde criança, por onde andava, deixava muito de sua generosidade, de seu amor ao próximo.

Alguns anos depois, já adulto, mudou-se para Porto Alegre, onde começou a trabalhar como açougueiro. Amava pescar com os irmãos, mas o que ele gostava mesmo – e se sentia realizado fazendo – era trabalhar com carnes, por isso escolheu esse ofício.

Era muito cuidadoso e seletivo quando recebia, no açougue onde trabalhava, algum tipo de carne fora do padrão de qualidade. A entrega de um produto "de primeira" ao cliente era seu maior compromisso.

Com o tempo, Adão criou várias receitas de preparo de linguiças. "A de queijo era a mais gostosa, a que mais vendia", comenta o filho Murillo. Ficou tão especialista na iguaria, de diferentes sabores, que foi convidado a abrir uma fábrica de linguiças especiais por um de seus clientes.

Trabalhou durante vinte e cinco longos anos como açougueiro. Seu grande desejo era se mudar com a família para uma cidade onde tivesse condições de realizar seus sonhos e proporcionar mais conforto aos seus. E conseguiu: construiu duas casas com a ajuda da esposa.

Deixa muitas saudades e uma vontade de provar novamente aquele tempero gostoso que só ele sabia fazer.

Adão nasceu em Jaguari (RS) e faleceu em Alegrete (RS), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Adão, Murillo Lopes Pagnossin. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Sonia Ferreira, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 28 de maio de 2021.