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Ademildes Santos de Moura

1952 - 2021

Amava plantas e passava horas aguando as que cultivava por todo o quintal da casa.

Na flor da idade, quando conheceu o homem que seria seu único esposo e pai de seus filhos, por não gostar do próprio nome, Ademildes mentiu. O tempo foi passando... o relacionamento foi ficando sério e a baiana, que virou paulista aos quatro anos de idade, passou a ser conhecida como dona Silvia por todos que tiveram o prazer de ter um dedinho de prosa com ela.

Embora tenha estudado apenas até o quarto ano do ensino fundamental, era apaixonada por livros e lia bastante. Passava horas aguando as plantas do quintal, onde, além de criar os seis filhos, ajudou na criação de cada um dos netos.

Ficou viúva cedo e não quis se casar novamente. Dedicava-se aos filhos, netos, noras e genros. "Para quem precisasse, dona Silvia estava lá. Possuía uma luz e uma sabedoria incrível, sua presença era sempre notada", conta a filha Luana.

Aos 9 anos já trabalhava como babá, depois foi empregada doméstica. Com o tempo sua coluna foi sofrendo as consequências de tantos anos de trabalho duro o que a deixou bastante debilitada, passando a contar com a ajuda de muletas e um andador. Um de seus sonhos era fazer uma cirurgia que lhe devolvesse a liberdade de andar novamente.

"Cristã, acreditava em Deus e em dias melhores com o Salvador. Por isso, nós, os filhos de Ademildes, a dona Silvia, e todos que com ela conviveram nos apegamos na esperança de um dia reencontrá-la nos céus, junto de Deus Pai", conclui Luana.

Ademildes nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Guarulhos (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Ademildes, Luana Moura. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2022.