1974 - 2021
Especialista em amamentação e parto humanizado, deu amor a muitas mães e bebês.
Adê, como era conhecida no meio profissional — ou Babi, seu apelido desde criança —, era espetacular e cheia de vida. A mais velha entre três irmãos, um ser humano com personalidade e alma caridosa.
Ela era enfermeira, com várias especializações em assistência ao parto humanizado e doula. Com amor e dedicação, ajudou diversas crianças a chegarem ao mundo, partilhando com as mamães a emoção do milagre da vida!
Casada com Fernando, foi a eterna namorada do marido. Com ele teve os filhos Ludimila, Lucas, Lavínia e Leticia. Adenilza surgiu na vida do marido quando tinha 16 anos. Apaixonaram-se, namoraram, e logo estavam casados e com a primeira filha. Calmos e doces, os dois foram sempre muito amigos, muito parceiros e se apoiavam em tudo. Completamente apaixonados, formavam um casal perfeito. Fernando, policial militar, era mais sério; mas ao lado de sua Babi, era leve e sorridente. Os filhos não viam outra coisa que não fosse a demonstração de amor e carinho de um pelo outro.
Com os filhos, a relação de Babi foi sempre fantástica. Mãe protetora, amorosa, amiga e parceira. Mãe exemplar, que estava sempre junto aos filhos. Não tinha confusão na família: conflitos que poderiam acontecer entre mãe e filhos adolescentes nunca tiveram espaço entre eles, porque sempre foram muito amigos e abertos ao diálogo. Ludimila, a mais velha, tem tanta admiração pela mãe, que está seguindo o mesmo caminho e exemplo de Babi: ela também é da área da saúde.
Adenilza nunca desistia de nada, estava sempre alegre, sorrindo e querendo ajudar. Se alguém precisasse de qualquer coisa, às 3h da manhã, num dia de geada, naquele frio danado, ela com certeza sairia de casa para ajudar a pessoa, onde quer que ela estivesse. Isso a transformava em uma pessoa realmente espetacular.
A prima Cristiane, emocionada, descreve Adenilza: "O espírito dela era completamente iluminado, fora do padrão comum das pessoas. É muito difícil você encontrar alguém assim. Ela não tinha maldade, estava sempre pronta para ajudar qualquer pessoa. Eu conheço a Babi há trinta e um anos e nunca vi essa moça triste, sem um sorriso no rosto, sem ajudar alguém".
Adê sempre foi uma pessoa comprometida com o outro, buscando se engajar em causas sociais. Quando decidiu ser enfermeira, recebeu apoio do marido para poder estudar, se formar e atuar como doula. Nessa época, já era mãe de Ludimila e Lucas; as gêmeas, Lavínia e Leticia, vieram depois de formada. Trabalhou em hospitais particulares e públicos, e sempre ajudou muito as pessoas carentes.
Ser doula era o seu dom! Sempre falou dos bebês que ajudou a nascer, referindo-se a eles como "os meus bebês". Foi a dedicação e o amor à profissão que fizeram com que se destacasse tanto no trabalho. Não executava seu dever por obrigação, e sim por amor. Nos dias de nascimento, Adê sempre chegava cedo, pois gostava muito de conversar com as mães e participar da emoção que sentiam momentos antes do parto.
Adenilza era o tipo de pessoa que alegrava os ambientes por onde passava e sempre proporcionava reflexões, contando histórias sobre os bebês que ajudou a nascer e sobre o contexto de pessoas carentes e ignoradas pela sociedade.
Esperançosa, tinha muita fé nos homens e em Deus: com Ele tinha uma relação direta. Confiava plenamente no amor e num mundo bom, sem maldades nem problemas. Amava a vida, a família e os animais. Vivia trazendo animais abandonados para casa. Se fosse possível, teria um zoológico.
A prima Cristiane relembra a última história de Babi: "era uma moça que estava para ter seu bebê em casa e, na última hora, faltou a enfermeira da equipe contratada. Chamaram então a Adenilza — que foi a primeira a chegar, mesmo sendo a última a ser convocada. Adê acalmou a moça, ficou horas com ela e o bebê nasceu. Uma menina linda e super saudável, graças a Deus. Na sequência, Adenilza mudou-se para Miracatu e teve início essa pandemia. Ela sempre falava com a moça, por mensagem, e dizia que quando acabasse essa confusão toda iria a São Paulo para ver como estava a bebê. A moça queria muito que a filha conhecesse Adenilza."
Cristiane acredita que o mundo teria menos problemas se existissem mais pessoas como Adenilza: "Mais pessoas que doassem um pouco do seu tempo, do seu trabalho, do seu conhecimento, do seu amor. Tempo mesmo: dedicar-se a uma pessoa que às vezes não teve um bom dia, não tem uma boa vida, não tem carinho, não tem amor, não tem atenção, é marginalizada pela sociedade. Se a gente tivesse mais pessoas doando um pouquinho do seu tempo, com certeza haveria menos sofrimento no mundo."
Os familiares estão com o coração dilacerado, mas cientes de que Deus deve estar feliz pelo retorno de Babi a sua casa, ao lado dos anjos. Ela agora leva seu amor e luz aos bebês que com ela compartilham o plano divino. "Todos te amarão por toda a vida!"
Adenilza nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Registro (SP), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela prima de Adenilza, Cristiane Jardim. Este tributo foi apurado por Ana Laura Menegat de Azevedo, editado por Karina Zeferino, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 4 de agosto de 2021.