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Adriano da Silva Vargas

1972 - 2020

Amava receber visitas e cozinhar para elas, era a sua forma de compartilhar a felicidade que sentia.

Era conhecido como Minhoca, filho mais velho de Irma e Neli, ele foi pintor como o pai e amava o que fazia. A irmã Fabiane, depois da perda do pai, passou a ter o irmão como uma referência e a ligação entre eles era muito forte. “Era o dindo da minha irmã Andressa, mostrando o quão forte era essa ligação”, conta a sobrinha Camila.

Casou-se com Maria, carinhosamente chamada de Nega e com ela constituiu uma família. Felipe foi fruto desse amor, e lembra-se de momentos marcantes com seu pai, como foi o dia em que de uma brincadeira na garagem dentro do carro, ele o ensinou a dirigir. “Meus momentos mais felizes foram ao lado dele”, diz Felipe. Seu pai o ensinou a pintar e foi um exemplo de perseverança e fortaleza no enfrentamento das suas enfermidades. Admiração e gratidão eterna ele sente pelo pai. “Gustavo, o neto com quem conviveu por um ano antes de falecer, ainda ouvirá muitas histórias boas dele”.

Nega, sua amada esposa, sente um vazio muito grande. Adriano sempre foi para ela um amigo, um marido e pai amoroso. Sempre presente em suas vidas, seu maior prazer era estar junto à família. Estava sempre pronto a ajudar quem estava a sua volta. “Tenho orgulho de como ele amava sua família”, diz ela.

Com a chegada do neto Gustavo ele ganhou novas forças para enfrentar seus problemas de saúde. “Quando chegava do trabalho eu perguntava como foi seu dia, ele sempre respondia que estava tudo bem, só para não me deixar preocupada, porém eu sentia quando ele não estava bem”, diz Nega. Ele lutou como um guerreiro e “só tenho lembranças maravilhosas de todos esses anos que Deus nos permitiu vivermos juntos”.

Apaixonado pelo neto Gustavo, a coincidência do dia de seu nascimento com o falecimento de Adriano, um ano exato depois, é mais um desses acontecimentos que só o amor explica. “Ele sempre dizia que só viveu mais um ano pelo Gustavo que era a vida dele”, conta sua nora Evelyn. O neto Gustavo, ainda pressentindo a presença do avô depois que ele se foi, sempre ia até a cadeira onde Adriano se sentava.

Ele era muito amável, sempre recebia a todos com um abraço forte. “E que saudade desse abraço. Ainda lembro da sua risada e das suas traquinagens”, diz a sobrinha Camila.

Adriano amava jogar cartas. Pife, cacheta e escova que eram seus jogos favoritos. “Era bem malandro e competitivo, tínhamos que estar sempre de olho, pois não gostava de perder”, conta a sobrinha. Nas férias a diversão era se sentar à mesa para a brincadeira séria das cartas de baralho. Uma alegria!

Sempre preocupado com sua irmã Fabiane, telefonava quase todos os dias para ela, com quem tinha uma relação de afeto sem medida. Nas datas especiais, Dia da Mulher, aniversário e outras mais, nunca esquecia de mandar mensagens ou ligar. Assim era com todos da família! “Sempre me dizia que tinha muito orgulho de mim”, diz Camila.

Adriano foi luz na vida da família, ensinou sobre ser forte em momentos difíceis, sobre alegria no convívio com as pessoas e principalmente sobre o amor à família. Foi exemplo para quem ficou e que guarda muitas lembranças felizes.

Histórias especiais, como a do Natal de 2019, serão contadas para os netos, bisnetos e quem mais fizer parte da grande família que um dia ele teve a felicidade de começar a construir. Sob sua luz e seu amor, a família continuará crescendo e praticando seus ensinamentos de vida.

Uma música conecta Camila com seu tio de forma especial e a faz agradecida por ter convivido com um tio tão maravilhoso. Assim ela se despede com o coração triste, mas pleno de amor.

“Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate”

Adriano nasceu em Porto Alegre (RS) e faleceu em Gravataí (RS), aos 48 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Adriano, Camila Adriane Vargas Amaral. Este tributo foi apurado por Ana Helena Alves Franco, editado por Míriam Ramalho, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 28 de novembro de 2021.