Sobre o Inumeráveis

Alaíde Gonzaga de Sousa

1927 - 2020

Vó Lalá, linda e cheirosa, os cabelos branquinhos, sentava no quintal com todos ao redor para distribuir amor.

A viúva do Sr. Antônio Domingos de Sousa teve um caminho muito bem trilhado ao longo de seus 93 anos de vida. De nascer no peito de cada um dos 8 filhos, 21 netos e 13 bisnetos um baita orgulho.

Sua imagem era algo encantador: externamente, uma linda senhora de cabelos bem branquinhos, baixinha e "fofinha", como descreve a neta Jamila Greice. E pelos olhos da mesma, internamente, uma bela mulher, simpática, forte, guerreira e de um coração enorme.

A "bisa", como chamava o bisneto Bernardo, filho de Jamila, tinha mesmo "carinha de avó". Vó Lalá, como era chamada. Mas, apesar de seu inesquecível semblante calmo e sereno, esse anjo, que sempre se preocupava com todos, era a fortaleza da família.

Jamila fala sobre a vaidade da avó: "Ela era muito cheirosa e gostava de estar com as unhas sempre bem feitas, roupa bonita, e não dispensava os acessórios. Linda demais!"

Roberto Carlos era uma de suas preferências musicais. Gostava também de cantar a música "Segura na mão de Deus".

Lúcida até o fim da vida, só lamentava que a idade não lhe permitisse deixar tudo limpo e organizado como queria. "Era uma mania sua", entrega a neta, que conta também que ela adorava comer doces, chocolates e sorvetes. E complementa: "Não consigo dizer um defeito da vó; se tinha, nem demonstrava".

Vó Lalá era fã de uma boa conversa, sentada no quintal de sua casa, rodeada pela família. Lembranças inesquecíveis! Assim como os almoços e jantares, que ela só permitia que fossem servidos depois que todos chegassem.

Dona Alaíde era uma ótima anfitriã e adorava receber as pessoas. Por isso, não tinha como ser diferente: Natal, Dia das Mães, aniversários, todas as festas de família tinham que ser no quintal de sua casa. A filha Maria Sônia contribuía com uma bela organização e tudo saía perfeito.

A despedida de Jamila não podia ser menos emocionante que toda essa homenagem: "Nossa Lalá perdeu a vida para a covid-19, mas viverá eternamente em nossos corações e em nossa memória. Toda a família sentirá sua falta para sempre, mas sabemos que está descansando 'segurando na mão de Deus'. Te amamos!"

Dona Alaíde felizmente não viu a partida de sua filha, Maria Sônia, e de sua nora, Jônia Suelly, também vítimas do coronavírus.

Há também no Memorial Inumeráveis um tributo para Maria Sônia da Silva de Sousa, filha de Dona Alaíde, que foi ao seu encontro após 13 dias da partida da mãe.

Alaíde nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 93 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Alaíde, Jamilla Greice de Sousa Souto. Este texto foi apurado e escrito por jornalista , revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 16 de setembro de 2020.