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Alcides da Silva

1954 - 2020

Cidão soube viver e demonstrar a importância da união da família. Para ele, não tinha coisa melhor que isso.

Alcides, para os íntimos Cidão, era família acima de tudo. E sua história começa mais ou menos assim:

Num final de semana, após o trabalho, Rita de Cassia foi para Osasco, onde Cidão morava. Ela já o conhecia: o rapaz era o cunhado de sua prima. "Naquele sábado, em especial, era aniversário de uma prima minha e eu precisava lavar os cabelos. Usei o tanque que ficava no quintal. Cidão chegou e me viu lavando meus longos cabelos loiros. Dizia ele que foi assim que 'me viu com interesse pela primeira vez', afinal, tínhamos uma pequena diferença de idade: eu tinha 16 e ele, 22 anos. À noite, já na festa, ele se aproximou e me tirou para dançar. Um ano depois, no dia do meu aniversário, 26/06/1978, ficamos noivos", conta ela, sua esposa.

A neta Beatriz continua a história: "Aquele foi um dia duplamente especial, pois, além de ficarem noivos, minha avó Rita tinha acabado de saber que estava grávida da minha mãe, Barbara, e 'nossa família estava começando a se formar', como ela sempre diz".

No fim daquele mesmo ano, Cidão e Rita se casaram, e da união de 41 anos vieram também os filhos André e Felipe. De tanta insistência por parte dele, o casal teve ainda o caçula, Leonardo. Nas palavras de Rita, o marido foi "um pai amoroso e um avô mais amoroso ainda para os netos Beatriz, Gabriela, Malu e Valentim".

Cidão era tão querido para a família que quando neta Beatriz comentou que ele teria uma homenagem neste Memorial, cada um dos integrantes fez questão de resgatar algumas recordações para contar. Então filhos, noras, genro e todos os netos enriqueceram o tributo com alguma lembrança:

"Nosso amado Alcides, aquela pessoa cuja presença é insubstituível para compartilhar as histórias e causos coletados a cada pescaria, para palpitar e lançar uma piada simples e divertida para descontrair a tensão do ar... Um ser puro, de um coração tão grande que, acompanhado de uma cervejinha na mão, distribuiu sorrisos, conselhos, compartilhou sua visão de mundo. De uma responsabilidade tão forte em manter a nossa família próxima e unida. Deixou-nos um legado profundo de que família é o pilar que sustenta o amor. É amor que ficou, é amor que permanecerá em tudo", afirma o filho André Rodrigo.

Barbara de Cassia, a única filha mulher, diz que foi de fundamental importância "a coragem que ele depositou em mim para continuar a trabalhar na área da saúde, deixando o medo de lado, e ser forte como ele sempre foi". Beatriz complementa, pois, para as netas, ficaram as memórias mais lindas: "O vô Cidão sempre era o primeiro a juntar a família, ajudar quem precisava e oferecer a cervejinha nos jantares de domingo. Todas essas atitudes ajudam a resumi-lo: carinhoso, altruísta e feliz".

Para outra neta, a Gabi, ele era especial por vários motivos, mas como ela mesma sempre diz, "a principal razão era seu amor incondicional pela nossa família, fazia de tudo pra nos reunir, qualquer desculpa era motivo para fazer uma 'jantinha' na casa da vó e do vô".

A Malu teve sua infância muito próxima a ele e está repleta de boas memórias: "O meu vô Alcides era muito legal e eu o amava! O meu vô me levava para o Parque Villa Lobos e eu achava muito legal. Te amo vovô".

E todos amavam o grande amigo Cidão. E quem atesta é o filho Leonardo: "Tenho certeza que meu pai foi sempre um grande amigo. Onde ele chegava, as pessoas o tratavam com muito respeito e carinho. Gostava bastante de conversar sobre assuntos variados, mas principalmente sobre seu time do coração, o verdão. Não perdia uma boa pescaria na companhia dos filhos, parentes e grandes amigos. E, claro, sempre apreciando sua cervejinha".

Uma das noras, Mariana, conta que "além de batalhador, guerreiro e sonhador, seu amor pela família era característica perceptível para todos e ficou marcada para ela. Sr. Alcides, com sua alegria, conquistava todos que o conheciam".

"Ver o quanto ele gostava de ter a família junta, unida, em uma refeição, era como ele mesmo me dizia: 'Não tem coisa melhor que isso, não!' Essa atitude era a forma que ele deixava a porta da casa dele para nos receber na próxima semana, mas, principalmente, era o jeitinho dele de nos dizer que seus braços e coração estavam sempre abertos para nos dar amor, receber a família e compartilhar felicidade", é o que relata o genro Sedenir Junior.

"Ele sempre trabalhou muito para dar de tudo para a família. Gostava de ver todos bem, reunidos, felizes e não media esforços para ver todos ao seu redor assim", relembra a nora Bianca.

Daqui para frente, a história da família será vivida em homenagens a Cidão. Todos aqueles que passarem por lá também conhecerão o vô Cidão através das memórias e histórias contadas.

O filho Felipe Augusto, por exemplo, certamente contará para Valentim, o caçula da família, como foi quando trabalhou com o vovô ou "véio", como era conhecido no serviço: "O cara mais batalhador que já vi na vida. Tive o prazer de trabalhar com ele no Ceasa, não gostava de deixar nada pro outro dia, ficaria ali, independentemente da hora para faturar aquela última nota que chegasse em suas mãos, pois 'o cliente não viaja sem nota!'"

"Responsável ao extremo, sempre ligava pra mim no final do dia e a conversa era mais ou menos assim:

- E aí, fechou? O caixa bateu?
- Bateu, pai!
- Deixa tudo arrumado aí pra gente ir embora, um beijo!"

Por fim, partiu, mas não sem antes deixar um enorme legado a todos da empresa e da família. Um profissional amado que será lembrado por todos como um cara "sem palavras", nota mil!

Fica a saudade de quem cedo se foi. Com o tempo, a dor se aquieta, vira memórias felizes e de amor.

Alcides nasceu em Osasco (SP) e faleceu em Osasco (SP), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos familiares de Alcides, Beatriz Branco Pungilo, Rita de Cassia, André, Felipe, Gabriela, Malu, Sedenir Junior, Mariana e Bianca. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2021.