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Aldo Apolônio Pereira

1971 - 2020

Um pescador incrível e generoso. Saiu de perto das águas para viver como "estrelinha no céu".

Aldo era um homem tranquilo e estava sempre feliz. Talvez fosse esse o segredo do seu sucesso como "pescador admirável" que surpreendia a todos com suas habilidades e os encantava com as histórias que contava.

A sabedoria popular ensina a desconfiar das histórias de pescador, mas a cunhada Arina acredita que, no fim das contas, tudo que Aldo relatava era muito real, pois os peixes sempre apareciam. Não importavam as condições, Aldo conseguia pescar em qualquer lugar, nem que fosse um peixe pequeno.

Quando alguém falava que em um rio não se pegava nada, Aldo dava o seu jeito e vencia o desafio. "Parecia que os peixes gostavam dele", explica Arina, que conta ainda que Aldo não guardava sua sabedoria apenas para si. Ele dava boas dicas para os outros, porque pescar era algo que amava, entendia e gostava de compartilhar, sobretudo com os amigos que o acompanhavam.

E não eram só os peixes que gostavam de Aldo. Ele era muito amado por sua família e todos gostavam de passar tempo juntos. Arina o conheceu por ter se casado com Odair José, um dos irmãos de Aldo. Os pais, Dona Firmina e Seu Jorge, também tiveram Eurides, Marilene, Marinei e Marilda.

Nas tardes de domingo, a turma se reunia na casa de Dona Firmina para comer pipoca, tomar chimarrão e ouvir histórias da infância e das "artes" que os irmãos aprontavam quando mais jovens. Aldo gostava de contá-las e sempre arrancava boas risadas de todos.

Nos encontros, Aldo também aproveitava a companhia de seu amado sobrinho Bernardo, filho de Arina e Odair, com quem tinha uma ligação muito forte. Bernardo se lembra com muito carinho do tio favorito que virou "uma estrelinha no céu".

O coração de Aldo também tinha espaço especial para seus filhos, Jéssica, Maicon, Alisson e Patrick, e para os netos Miguel, Ana Gabrieli e Eloá, que serão guardiões das histórias desse pescador incrível.

Agora, é a família quem reconta os episódios relatados por Aldo e que compartilha um capítulo final, uma espécie de despedida. Como se soubesse da proximidade de sua partida, antes de adoecer, Aldo ligou para cada irmão oferecendo peixes e foi até cada um deles para entregar-lhes saborosos pescados.

O pescador se foi, mas viverá para sempre por meio de seus ensinamentos e das lembranças que deixou.

Aldo nasceu em Rosário Oeste (MT) e faleceu em Sinop (MT), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela cunhada de Aldo, Arina Nobre. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 24 de dezembro de 2020.