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Alfredo Holms

1924 - 2020

Um homem íntegro e ativo que nunca parou no tempo. A pontualidade britânica e o companheirismo causavam admiração.

Descendente de ingleses, Alfredo primava pela pontualidade, sempre! Então, nunca se atrasava e nunca parou no tempo. Foi contador, mas não aposentou as chuteiras, atualizava-se constantemente com as modernidades e ensinava com maestria que ninguém deveria se limitar por conta do avanço da idade. Sempre foi muito correto na vida profissional, familiar e cristã. "Era um homem íntegro", resume Claudia o caráter do pai.

Não gostava de ser chamado de velhinho ou ser tratado como tal, inclusive, diferentemente do padrão seguido pelos mais idosos, Alfredo gostava era de acordar tarde, pois, segundo ele, "ainda era jovem e, quem acorda cedo pra varrer o quintal é velho!" Então, os netos, só para "encher o saco", colocavam no avô apelidos como Mister Magoo e Mestre Yoda, mas ele não ligava e até se divertia com as brincadeiras.

Alfredo era fiel a Deus e amou incondicionalmente dona Narcisa e, ao ficar viúvo, nem cogitou a ideia de novamente se casar. Nos papéis de marido, pai, avô e sogro foi maravilhoso. "Ele foi o melhor pai do mundo. Perdemos nossa mãe em 1994 e, desde então, ele jurou amor eterno a ela, era fiel ao amor que ainda nutria pela mamãe. Era lindo de se ver o quanto se amavam. O casal de netos era tudo para ele e, como minha irmã ficou viúva muito cedo, com as crianças ainda pequenas, ele foi pai-avô para Maria Luiza e José Paulo", diz Claudia.

Dentre os doces especiais que a neta Maria Luiza fazia para mimar o avô, os que ele mais gostava eram a torta de limão e o pudim de leite, seu preferido.

Era um torcedor orgulhoso do time da terra natal: o Santos FC. Bastante brincalhão, amava tirar selfies e fazer vídeos engraçados com os netos. "Quando eu e meus irmãos éramos pequenos, ele sempre nos levava aos parques de diversões, nos divertíamos muito brincando nos carrinhos bate-bate", relembra Claudia.

Após anos dedicando-se ao trabalho no conselho fiscal da Igreja Congregação Cristã no Brasil, aos 93 anos, Alfredo decidiu que era hora de descansar um pouco a cabeça. Entretanto, sua mente continuava completamente ativa, era lúcido, ainda dirigia e falava um inglês impecável. Era muito inteligente e amava tranca e xadrez ─ dois jogos de estratégia ─, mas o que ele amava mais que tudo na vida era estar com a família e, vaidoso que era, gostava de estar sempre bem alinhado.

"Meu pai era uma pessoa querida que, apesar da idade avançada, era lúcido e ativo. Foi um exemplo de vida para nós. Que Deus o tenha em bom lugar. Te amamos muito", diz o filho Rogério.

Seu Alfredo sonhava em viver muitos anos ainda. Para os filhos Claudia, Luciana e Rogério; para os netos, Maria Luiza e José Paulo; e para o genro Samuel e a nora Patrícia, ele era um imortal que sempre fazia questão de estar presente em tudo, um companheiro para ninguém botar defeito, aquele que estava sempre na ativa, fizesse chuva ou sol. Então, por toda essa trajetória, pelos tantos ensinamentos e histórias vividas e compartilhadas com ele, a família faz questão de mantê-lo para sempre na memória com respeito e amor.

Alfredo nasceu em Santos (SP) e faleceu em Ilhabela (SP), aos 95 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos filhos de Alfredo, Claudia Gomes Holms Medeiro, Rogério Gomes Holms e Luciana Holms Marques. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 11 de agosto de 2021.