1935 - 2020
Cristã, conselheira, Flavita ensinou os filhos e netos a ser feliz e amar a Deus sobre todas as coisas.
Pelas netas, Flavita, como gostava de ser chamada, se enchia de coragem e enfrentava um grande medo: viajar de avião.
Não podia admitir perder datas tão especiais como os aniversários e casamentos das netas e bisnetos.
Tinha toda uma preparação de meses para ir do Pará até o Rio de Janeiro. Flavita era agricultora. E o pouco dinheiro que ganhava com a plantação de mandioca, a produção de farinha d´água, ia juntando para poder comprar um presente para cada membro da família que morava no Rio. Açaí, cupuaçu, murici, ia juntando e guardando as poupas de frutas que as filhas e as netas adoravam e sempre levava um isopor cheio delas para alegria de todos.
Quando ficou viúva, resolveu vender o sítio onde moravam e ir para perto da filha caçula, Alzira, na casa ao lado. Sempre que a filha saía de perto, Flavita a chamava da varanda da casa:
- Alzira! – e isso era de cinco em cinco minutos.
Formou uma grande família: seis filhos, 19 netos, 14 bisnetos. Flavita amava reunir a família toda no aniversário, na antevéspera do Natal, em 23 de dezembro. E era uma grande festa. Para a comemoração dos seus 85 anos, já estava tudo programado. “Mas Deus quis comemorar com minha avó presente ao lado Dele”, diz a neta Gisele.
Alzira nasceu em Terra Alta (PA) e faleceu em Terra Alta (PA), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Alzira, Gisele Martins. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Luciana M O Oncken, revisado por voluntário e moderado por Rayane Urani em 24 de junho de 2021.