Ana Maria Dias

1955 - 2020

Boa de dar conselhos, tinha um coração muito generoso.

"Minha mãe enfrentou a vida com muita coragem. Ela passou por muitas dificuldades, mas nunca desistiu de lutar. Foi uma guerreira, mãe de cinco filhos, viveu o luto de perder o marido e uma de suas filhas para o suicídio. E mesmo assim se manteve de pé, firme, lutando para manter a família unida.

Ela casou cedo, mudou de estado, não teve estudos e profissão, mas inventou seu próprio negócio: vendia roupas, calçados e brinquedos de porta em porta. Era a sacoleira mais conhecida de Cubatão. Foi assim que, sozinha e viúva, conseguiu criar seus filhos. Nos últimos anos, ela realizou o sonho de alugar o próprio ponto e abriu a famosa “loja da dona Ana”. Ela amava aquele lugar! Deixava tudo sempre bem arrumadinho, cheio de enfeites, e de portas abertas para receber a clientela.

Quem não entrava pra comprar, entrava para conversar. É que minha mãe era boa de dar conselhos e tinha também um coração muito generoso. Ela tirava do dela para dar para os outros. Doava comida, roupas e tinha sempre uma palavra de conforto para quem precisava.

A alegria dela era estar e cuidar da família. Nos finais de semana, ia correndo para a casa de um dos filhos. Já chegava com uma panela de comida, abrindo as janelas, botando as roupas para lavar. Também dava banho nos netos, penteava cabelo, cortava unha, tirava piolho. Minha mãe ajudou a criar cada um dos seus 12 netinhos. A 13º neta nasceu dias antes dela falecer, minha mãe já estava doente e conseguiu conhecê-la só pela janela. Ainda bem que deu tempo!

'Deus tá no controle de todas as coisas, meu filho', ela repetiu isso durante toda a sua vida e foi também umas das suas últimas palavras. Minha mãe sempre encontrou um jeito de acalmar nossos corações.", conta o filho Marcelo

Ana Maria faleceu dia 08 de maio, em Cubatão, vítima do coronavírus.