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Ana Maria Rodrigues Rêgo

1968 - 2020

Desde a infância ela já manifestava seu propósito de ser alguém que estaria a serviço do próximo.

Ana Maria nasceu em Itaipava, um distrito de São Geraldo do Araguaia, no Pará, mas foi registrada em Araguaína, no mesmo estado. Sua infância foi muito difícil porque a mãe precisava trabalhar no garimpo para sustentar a Ana e mais cinco filhos. A menina, então, assumiu para si a responsabilidade de criar os irmãos, tendo sempre um cuidado muito especial.

Casou-se com um rapaz que conheceu em Conceição do Araguaia e teve duas filhas. Cuidou das meninas até que se tornassem adultas, quando ela, enfim, decidiu fazer um curso de técnica de enfermagem. No exercício da profissão foi generosa, cuidou dos doentes e deu-lhes mais que remédios. A eles transbordava atenção e cuidados. Seu servir era extensivo a todos que necessitassem, fosse no seu trabalho ou fora dele.

Na vida recebeu uma missão e abraçou com intensidade: ser avó. Era a melhor avó do mundo para a netinha Ana Beatriz, que chamava carinhosamente de Aninha, fazendo até as vezes de segunda mãe, o que era para a pequena um motivo de alegria.

Com a vó Ana tudo era bom: as brincadeiras, os aprendizados e principalmente o amor. Estava aguardando ansiosa a chegada da segunda netinha: Maria Beatriz. Lavou, passou e organizou todas as roupinhas da pequena. Infelizmente ela só poderá conhecer a vovó através de fotos e relatos. Os mais lindos relatos!

Ana era muito preocupada com as pessoas que amava. “Quando ela tinha as preocupações, eram exageradas, era engraçado demais e caíamos na risada”, lembra a filha Adriana.

Carregou consigo valores como honestidade e humildade. “Minha mãe sempre dizia que não éramos melhores que ninguém e ninguém era melhor que nós, que nesse mundo éramos todos filhos de Deus e todos merecem respeito. Ela era muito cuidadosa com todos e passou isso para as filhas.

"Os domingos ficaram mais tristes depois de sua partida. As reuniões de família não têm mais o mesmo humor, que era uma de suas características mais marcantes", lamenta Adriana.

Na memória, ficam a gargalhada inesquecível, as histórias que só ela sabia contar e o exemplo de generosidade e amor que Ana Maria plantou e colheu por toda a vida. Para as netinhas Ana e Maria Beatriz, a herança da história de uma avó que superou dificuldades, manteve-se sempre a serviço do bem e viveu de forma digna e honrada, sendo muito amada pelos seus.

Ana nasceu em São Geraldo (PA) e faleceu em Arapongas (PR), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Ana, Adriana Rêgo Sampaio. Este tributo foi apurado por Rafaella Moura Teixeira, editado por Ana Clara Rodrigues Cavalcante, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 27 de julho de 2021.