1949 - 2020
Alfabetizada aos 27 anos, reescreveu a própria história.
"Uma pessoa incrível, de um belo sorriso no rosto, inúmeras qualidades e muito amor no coração. Deixou um legado lindo e uma família incrível, que a ama e admira", declara o sobrinho Sidnei dos Santos Salgado Junior.
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Se Anália pudesse, comeria frango assado todos os dias. Se Anália pudesse, teria aprendido a ler e a escrever quando criança.
Mas foi aos 27, viúva do primeiro marido, Arnaldo, e com os filhos nas idades de cinco, quatro e um ano, que a Anália analfabeta descobriu que podia alterar o rumo da sua história.
Então, a mãe de Solange, Sidnei e Mirian Patricia, entrou para o Mobral, ao mesmo tempo em que trabalhava em casa de família. A luta por manter unida sua própria família deu certo.
No capítulo seguinte ela encontrou um novo amor, Ariovaldo, com quem teve o caçula, Michel. Tornou-se dona de casa, sempre presente e preocupada. “De um coração maior que o mundo”, conta Solange. Porém, acredite, sentia ciúmes dos seus "tupperwares"!
Anália adorava passear e ficar com os netos.
Mais tarde, ela e a filha Solange travariam juntas suas batalhas contra um câncer de mama. Mãe e filha passaram por cirurgia e se curaram. Tanto que, as últimas palavras de Anália foram: "eu venci o câncer".
Anália nasceu em Alagoas e faleceu em Osasco (SP), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Anália, Solange Aparecida Salgado. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mariana Quartucci, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de julho de 2020.