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Anderson Barbosa da Paixão

1979 - 2021

Parceiro do filho em disputas de videogame, podia passar horas jogando, desde que não fossem os jogos de futebol.

Filho mais velho do Sr. Joaquim e da Dona Cleusa, Anderson foi para São Paulo quando tinha dois anos; aos quatro, ganhou a companhia de sua irmã Eliane. Foi uma criança tranquila e feliz, um adolescente caseiro e um filho sempre apegado ao pai até a idade adulta. Nutria o carinho e o costume de dar-lhe um beijo quando chegava e quando ia embora, na verdade sua esposa nunca os viu sequer discutir. Até porque Anderson não era de briga de nenhum tipo e tentava sempre manter uma boa convivência com todos. Dava-se tão bem com a família da esposa, Elissandra, que às vezes ela achava que era ela a agregada da família e não ele.

E por falar em Elissandra, foi com ela que ele passou dezessete anos de sua vida. Foi com ela que ele teve Augusto, seu filho de 15 anos, com quem jogava horas e horas de videogame. Essa família sempre foi muito unida: iam juntos à praia, ao cinema, aos eventos das famílias. Sua esposa e seu filho eram seu grupo, sua turma, os três estavam sempre juntos, “e isso nos alegrava, onde você via um, sabia que os outros dois estariam lá”, nos disse Elissandra. A família cultivava o hábito de dizer “eu te amo” e de fazer as refeições à mesa.

Conheceram-se quando ele foi segurança na estação de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Ela era vendedora no Brás, solteira e tinha orado a Deus por uma pessoa que a respeitasse e a assumisse, que a ajudasse a realizar sonhos e foi Ele quem o enviou. “Foi amor de vagão”, relembra Elissandra.

Anderson foi segurança durante anos e passou por vários empregos nessa área, além de ter sido fiscal de ônibus na Via Sudeste. Tinha uma jornada pesada, de 12 horas diárias, só folgando aos sábados. Trabalhava com assiduidade, pontualidade e sem deixar faltar nada para sua família. Ia de casa para o trabalho e do trabalho para casa.

Era um homem caseiro, do tipo reservado, que não fumava, não bebia e falava baixinho. Tinha uma grande paixão por carros e música sertaneja de raiz. Dirigia muito bem. Amava pescar, atividade que dividia com seu sogro. Gostava muito de comer, principalmente se fosse um bom churrasco. Estava sempre disposto a ajudar, contanto que não fosse algo relacionado a exercícios físicos, já que era um sedentário convicto, que dormia demais, por conta da longa jornada de trabalho. Anderson amava jogar videogame com o filho — mas os jogos de luta, não de futebol, porque destes eles não eram fãs. Gostava também de filmes, e assistia a tudo que saía de super-heróis ou que fosse baseado em fatos reais.

Fez sua esposa e seu filho sentirem-se muito amados, abençoados e felizes.

Anderson nasceu em Assis Chateaubriand (PR) e faleceu em Guaianazes (SP), aos 41 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela viúva de Anderson, Elissandra Gomes Santos Paixao. Este tributo foi apurado por Ana Paula Amorim, editado por Ana Paula Amorim, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de outubro de 2021.