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André Araújo de Matos

1982 - 2020

Fã de música gaúcha e presença certa nos bailes dos Monarcas.

André trabalhava na área da saúde como motorista na cidade catarinense de Campos Novos. Em seus últimos meses de vida foi um dos responsáveis pelo transporte de pacientes com Covid-19 no município.

Palmeirense fanático, onde chegava tornava-se o centro das atenções. Falava alto, ria com vontade, adorava contar causos. Apaixonado pela vida, amava animais, uma boa música gaúcha e não deixava de ir a um baile dos Monarcas. Também gostava muito de assistir aos programas esportivos, de dirigir e conhecer lugares novos.

"Tinha mania de apertar o nariz dos sobrinhos e das irmãs", conta Aline que têm inúmeras histórias para recordar do irmão mais velho. "Como sou a caçula, era como se ele fosse um pai para mim. Ele até brigava se necessário, mas sempre amei a nossa relação. Quando eu ia à casa da mãe e ele me via chegando, já começava a falar mal de mim, me chamando de chata, implicante... Tudo isso para que eu o ouvisse. Então, quando eu chegava mais perto, ele falava: 'Ah, você tá aí?' Sinto muita falta das suas brincadeiras sem graça", reflete.

André ainda é muito amado por todos. No trabalho, após seu falecimento, fizeram um memorial com flores e anjos no armário que ele usava. Com a família, era aquele que mantinha uma ótima relação com todos, sempre brincando e contando piadas. "Era o bebezão da minha mãe, o único filho homem, morava com ela", conta Aline.

Não costumava cultivar sonhos e desejos, ele fazia o que queria fazer. Viajava, conhecia novos lugares, participava de festas e bailes... Mas durante o período que ficou internado pediu a noiva em casamento, talvez tenha sido este o único "sonho" que ficou por realizar.

Após quase um ano de sua partida a família resolveu preparar novamente seu prato favorito: o macarrão ao molho branco com bacon e brócolis. Segundo André costumava dizer, os brócolis eram para deixar o prato "saudável, fitness".

"André iluminou a vida de todos que o conheceram. É impossível não se lembrar de seus olhos verdes, abraço forte e riso frouxo... Meu irmão foi a pessoa mais alegre que conheci", diz Aline, que era chamada carinhosamente de Cati pelo irmão.

André nasceu em Campos Novos (SC) e faleceu em Curitibanos (SC), aos 38 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de André, Aline Araújo de Matos. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 7 de fevereiro de 2022.