1988 - 2021
Como médico veterinário amava cuidar dos animais de pequeno porte, especialmente dos cachorros.
André foi o primeiro filho, primeiro neto, primeiro sobrinho, e também o irmão mais velho e único de Bárbara. Ele nasceu com uma síndrome que demandou muitas cirurgias no Hospital de Clínicas de Curitiba e, apesar das suas limitações auditivas, cresceu perfeito, inteligente, sempre muito querido e atencioso. Formou-se em Medicina Veterinária.
Em 2012, foi contratado por uma empresa multinacional e transferido de União da Vitória (Paraná), para Barreiras (Bahia). E lá, pela primeira vez morando sozinho longe do pai e da mãe, demonstrou muita coragem, conquistou maturidade, independência financeira e pessoal. Ali permaneceu por cinco anos, com muito gosto pelo local, pelo trabalho e pelos amigos que fez.
Em 2018, em uma consulta com o seu otorrinolaringologista em São Paulo, foi diagnosticado com um problema que o levou à perda total da audição e, durante os seis meses que aguardou para o implante de um aparelho coclear após mais uma cirurgia, enfrentou com paciência as dificuldades. Nesse período, a empresa em que trabalhava o colocou no teletrabalho, e ele ficou em casa com a família em Porto União, Santa Catarina. Ele ia, acompanhado de sua mãe, com frequência à São Paulo para se consultar com o médico e fonoaudióloga para praticar o seu novo meio de escutar.
Quando começou a pandemia, André foi um dos mais ferrenhos defensores do isolamento social como forma de prevenção, preocupado com a síndrome que carregava, e que o impossibilitava de ser entubado como as demais pessoas. Entretanto, apesar de todos os cuidados praticados por toda a família, ele foi contaminado juntamente com mais nove familiares e veio a falecer em 12 junho de 2021, seguido por seu pai três dias após, sem saber que o filho havia falecido.
A irmã Bárbara comenta sobre a falta do irmão: “O André amava jogar on-line e tinha muitos amigos, montou seu seu PC Gamer não fazia tanto tempo. Era fã da banda Linkin Park e teve um sonho realizado, que foi conhecê-la pessoalmente. Apesar dos problemas de saúde que teve durante a vida, sempre foi feliz e grato. Agora estamos eu, minha mãe e o cachorro. Nosso papagaio, o Rico, que tinha quase 26 anos, morreu de tristeza quatro meses após meu irmão e o meu pai”.
André nasceu em Canoinhas (SC) e faleceu em Porto União (SC), aos 32 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela irmã de André, Bárbara Vieira Neppel. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 23 de maio de 2022.