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Andréia Oliveira Garcia

1977 - 2020

Deixou órfãos diversas pessoas que se sentiam cuidadas por ela.

Quando Andréia chegava, era alegria na certa. Adorava estar rodeada de pessoas e animava qualquer ambiente com sua graça e carisma.

Filha de Alcino dos Santos Garcia e Cleci Oliveira Garcia (in memoriam), com o falecimento da mãe, ajudou a cuidar das irmãs Alessandra, Adriana e Natalia, deixando-as com o real sentimento de orfandade pela sua partida, juntamente com seus filhos, Jonathan e Cristhopher.

Andréia era uma profissional da área de zeladoria hospitalar e, mesmo sendo do grupo de risco, não hesitou em aceitar uma oferta de emprego para ajudar no sustento da família depois de dois anos desempregada. E foi assim que em menos de 45 dias após sua contratação, veio a contaminação e o falecimento.

“Se eu pudesse voltar no tempo, diria para ela não aceitar esse emprego, mas novamente ela teria dito sim, pois precisava trabalhar e, ao mesmo tempo, queria ajudar as pessoas que estavam hospitalizadas”, conta o amigo Carlos Eduardo.

Sorridente, amiga, enérgica quando tinha que ser, mas sempre com muita doçura, adorava preparar deliciosos quitutes para a família e amigos. Era boa de garfo, não recusava uma boa comida.

“Morávamos no centro de Porto Alegre na primeira década dos anos 2000 e sempre saíamos na madrugada para comer coxinhas e pastéis na lanchonete da rodoviária, onde, para nós, era a feita a melhor coxinha da cidade”, lembra Carlos Eduardo da época em que a Andréia se juntava ao grande grupo de amigos que protestavam nas primeiras edições das Paradas LGBTQI, no parque da Redenção, em Porto Alegre.

Torcedora incondicional do Grêmio, Andréia, com seu jeito “mãezona” deixa órfãos não apenas as irmãs e os filhos, mas diversas pessoas, que como Carlos Eduardo, se sentiam cuidadas por ela.

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não há”, já dizia a canção da Legião Urbana, sua banda favorita.

Andréia nasceu em São Borja (RS) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo amigo de Andréia, Carlos Eduardo Alves da Silva. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de janeiro de 2021.