1926 - 2020
Gostava bastante de viajar. Apaixonada pelo Rio de Janeiro, dizia que era a “cidade maravilhosa mesmo”.
Este tributo foi escrito por Fernanda para sua tia-avó, Antônia:
Nascida e criada em Mimoso, terra de Marechal Rondon, mas registrada em Barão de Melgaço.
Filha de uma família de onze filhos. Foi a última que fez a passagem, o que a deixava muito pensativa. Cedo, perdeu a mãe, fato que a marcou por toda a vida, então se dedicou muito ao pai.
Não casou e não teve filhos, mas foi mãe de muitas sobrinhas. Pois quando veio morar em Cuiabá, permitiu que as sobrinhas morassem com ela e a irmã Adélia para estudarem.
E aí começou um vínculo maior... tendo minha mãe morado com ela por volta de 14 anos e minha tia Tereza por volta de 50 anos. Assim, se foram duas mães em tão pouco tempo.
Era costureira de profissão. Lembro as vezes que ralhava conosco por mexermos na máquina de costura.
Mas o que gostava mesmo era de viajar. Conheceu muitos estados, mas era apaixonada pelo Rio de Janeiro, que dizia ser a "cidade maravilhosa mesmo". Quando contava de suas viagens, os olhos brilhavam.
Tinha muitos amigos, que estavam presentes sempre em seus aniversários, que adorava comemorar. Fazia questão de celebrar os anos de vida e, assim, se foi quase uma década.
Por problemas de saúde, já não podia utilizar as escadas. Minha avó a convidou para ir morar na casa dela. Até o fim esteve cercada de nossa família.
A queda que ocasionou a fratura no fêmur, tirando-a de casa, mostrou também uma mulher forte. Já perto de 90 anos, os médicos diziam que não voltaria a andar, porém, contradizendo a medicina, andava com a ajuda de sua bengala.
Adorava cantar marchinhas de carnaval para minha sobrinha e contava todos os dias o tempo que faltava para o aniversário da sobrinha-bisneta. Dividiram muitas balinhas (doces).
Minha tia Tereza foi sua companheira incansável, a quem tinha como filha e confiava todos os seus desejos.
E assim eternizamos em nosso coração essa tia-avó, que também deixou saudades.
Antônia nasceu em Barão de Melgaço (MT) e faleceu em Cuiabá (MT), aos 94 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha-neta de Antônia, Fernanda Maria de Moura Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 27 de novembro de 2020.