1949 - 2020
"Nem precisa ter o sangue, basta ser amor, porque o amor já pulsa no sangue", dizia ela.
Esta é uma carta aberta de Vitor Hugo para a sua avó, Antonia:
Ela sempre foi casulo moral e o ninho perfeito para todos. Uma pessoa que acolheu filhos, sobrinhos, netos e até conhecidos nos momentos mais difíceis da vida de cada um. Um anjo que abria espontaneamente as asas para guiar os que havia escolhido e tomado para si, como seus próprios filhos ou afilhados.
"Afilhados" era como ela costumava chamar os conhecidos e sobrinhos que adotava e se fazia mãe. E de madrinha era como os afilhados naturalmente a chamavam para retribuir o carinho. Afinal, é um dom natural e incondicional ser mãe, e assim, ela se tornou a madrinha de alguns e a mãe Antônia para todos nós. "Nem precisa ter o sangue, basta ser amor, porque o amor já pulsa no sangue", assim dizia ela.
E assim, ela foi a melhor pessoa que conhecemos e com a qual tivemos o privilégio de aprender as melhores lições dessa vida. Ficou viúva cedo e, com maestria, segurou firme a barra junto com seus filhos, sobrinhos, afilhados e netos. E com muito brio e dignidade, criou sozinha os filhos e ainda ajudou direcionar os afilhados e os netos. Carregava consigo um amor infinito. Um amor que movia e contagiava todos ao seu redor. No mais, possuía um poder de superação inexplicável!
Era a nossa matriarca no sentido mais amplo e caloroso que a palavra possa denotar. E no sentido figurado, era, simplesmente, aquele pássaro atento que, de ninho em ninho, nunca deixava os seus filhotes ao relento. E que, com um pouquinho para cada um, acabara saciando a fome de todos. E mesmo que o pão fosse apenas um, a dividir por doze, decerto, doze teriam o pão a comer.
Ela era o maior exemplo de empatia que a gente podia conceber. Por isso, continuará sendo a maior referência de ser humano e de humanidade que a gente tem.
Ela era e sempre será o amor das nossas vidas!
Antonia nasceu em Curuçá (PA) e faleceu em Castanhal (PA), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo neto de Antonia, Vitor Hugo Cardoso de Lima. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de agosto de 2020.