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Antônio Célio de Souza

1965 - 2021

É lembrado por sua sinceridade e pelo "jeito Célio de ser" como cuidava de todos.

Ele era mais conhecido como Célio e nasceu como único filho homem em meio a cinco irmãs.

Começou a trabalhar como caminhoneiro em 1996 e, a partir daí, passava a maior parte do tempo fora de casa. Quando voltava, gostava de fazer churrasco aos domingos ou então ficar sossegado deitado na rede, tomando cerveja, ouvindo modão sertanejo ou no sofá assistindo a filmes de faroeste e de ação.

Ele viveu para trabalhar desde que os filhos eram pequenos e nunca deixou que lhes faltasse nada. Para ele, os filhos não precisavam ter faculdade, bastava serem trabalhadores. Finais de ano e toda vez que voltava de viagem era tempo de se reunir para dar boas risadas e, mesmo quando ele contava histórias repetidas sobre sua vida na roça, tinha a família como plateia garantida.

Tinha esposa, dois filhos, nora e a neta Saori a quem muito paparicava. Nos intervalos entre as viagens, quando ela ia visitá-lo junto com seus pais, ele sempre a presenteava com um batom de chocolate, que guardava exclusivamente para ela — que já sabia disso e ia direto procurar a guloseima na geladeira.

A nora Janaína recorda: “Meu sogro se importava com todos. Todo mundo da família brincava que ele tinha um jeito grosso de ser, era o 'jeito Célio' de ser. Era conhecido por seu jeito 'bruto' e sincero, mas tinha um coração que não cabia dentro dele”.

São muitas histórias marcantes que Janaína tem para contar sobre o seu sogro. Uma delas, ela relata, morrendo de rir: “Quando eu estava grávida, meus sogros se mudaram de Guarulhos para Londrina e ele trouxe a mudança na carreta dele. Eu já estava com quase uns oito meses e nesse dia, quando eu ia ajudar a descarregar, ele só me dava travesseiro, cobertor ou alguma coisa leve, porque achava que eu não podia pegar peso, e dizia: 'Vai pra lá Jana, que eles se viram para pegar'".

Outra delas, ela relembra também de forma divertida: "Tem também uma história em que ele estava na Bahia com meu marido e um sobrinho e o sogro dele foi buscá-los em uma cidade. Esse sogro, na época tinha um carrinho simples e corria muito com ele. Meu marido e esse sobrinho, sentados atrás, riam muito, porque meu sogro, desesperado, pedia para ir devagar ou ia descer do carro"!

Janaína conclui sua homenagem dizendo: “Ele não era uma pessoa de fantasiar, mas acreditamos que ele já estava pensando em dar uma diminuída no trabalho e passar mais tempo em casa curtindo a família. Também estava pensando em comprar um carro novo. Trabalhava muito para ter dinheiro para o que precisasse, já que o caminhão dava muito gasto, mas terminou que nunca fizemos uma viagem juntos, como ele comentava que poderíamos fazer. Faz muita falta para todos nós"!

Antônio nasceu em Rio Bom (PR) e faleceu em Arapongas (PR), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Antônio, Janaina Cristina Kawanishi de Souza. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 18 de outubro de 2022.