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Antonio Cézar Rodrigues Gonçalves

1968 - 2021

Brincalhão, convidava as pessoas pro churrasco e depois saía de fininho e as deixava tomando conta da churrasqueira.

Ele era pai de Camila, Clara e a Ana Luiza. Ciumento, queria sempre carregá-las debaixo de suas asas. Seu jeito sério e a cara de bravo escondiam um coração enorme por trás de uma suposta armadura.

Além das suas meninas, Antonio Cézar tinha como xodó as três cachorrinhas da família: Amora, Catarina e Mel. Como ele frequentemente dormia quando passava mais de dez minutos sentado, nesses momentos sempre havia uma delas dormindo em seu colo.

Era muito metódico e correto em todos os aspectos, gostava de tudo no seu devido lugar e era doido por limpeza. No grupo da igreja em que participava seu apelido era Fofão. Gostava de trabalhar nos encontros e apegou-se muito a Deus nos últimos anos.

Muito brincalhão, fazia piada com tudo e com todas as situações possíveis. Uma de suas preferidas, quando morria algum conhecido, era dizer: “Esse ano 'tal pessoa' não come leitoa no Natal...”. A filha, Camila, recorda essa brincadeira e chora pensando que agora é ele quem não vai mais comer a leitoa.

São muitas a lembranças que Camila tem do pai. Lembra que estavam juntos quando levou o seu primeiro tombo de bicicleta; da paixão que ele sentia pelas frutíferas do sítio recém-adquirido; da assistência que ele lhe dava ao corrigir suas tarefas e também de quando ele brigava com ela porque sua letra era pequena.

“Ele era Auxiliar Administrativo, trabalhou por cinco anos numa loja de decoração na cidade vizinha. Nas horas vagas, era ele quem fazia o supermercado em casa; quando ele se foi, nós ficamos tão perdidas que nem nos demos conta de que as coisas foram acabando na geladeira e no armário. Quando percebemos, choramos”, conta Camila.

Ela relata também que sua família viveu uma sucessão de perdas e que ele vivia profetizando em relação a ela quando dizia: “Você será a melhor médica que eu já vi”. Ele foi filho, irmão e pai, meu pai. E é por ele que eu sigo a vida"!

Antonio nasceu em Cândido Mota (SP) e faleceu em Cândido Mota (SP), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Antonio, Camila Andrade Gonçalves. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2022.