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Antônio Cizino Pimenta

1932 - 2020

A fartura era sua marca. Recebia os amigos e familiares com muita comida, bebida e também com piadas.

Seu Pimenta, como era conhecido, era viúvo de Marlene, com quem teve seis filhos.

Amante de uma boa comida, a fartura era uma de suas marcas. Sempre recebia os filhos, netos e amigos aos finais de semana com muita comida e bebida. A casa estava sempre cheia e ele adorava isso. Mas antes do convidado entrar, Seu Pimenta tinha sempre uma pegadinha ou piada para receber cada um que chegava. A alegria dominava os tradicionais almoços de domingo na casa em que morava junto com os filhos.

Trabalhou como representante da Oleama, empresa que fabricava sabão em São Luís; por isso, sempre pegava a estrada para vender os produtos, viajando por todo o estado do Maranhão. Mesmo aposentado, sempre foi muito ativo, não aceitava ficar parado e viajava sozinho pelo interior do estado para visitar os irmãos e também os amigos. Amizades estas, que foram construídas nos tempos como representante, os laços construídos já não eram apenas profissionais e sim, pessoais. O agora amigo, passeava e curtia os finais de semana e feriados para reencontrá-los, e claro, cheio de piadas e histórias.

O neto, Gleyson Pimenta, conta que o avô também adorava uma cervejinha. “Muito cheio de vida, 'descansar em paz' ainda não passava pela cabeça dele. Muito saudável e com um vigor invejável, dizia até que ainda namorava. Era sempre muito cheio de humor, adorava contar suas histórias pelo interior, do tempo em que vendia sabão para sustentar a família.”

Para a idade que tinha, Antônio ainda possuía muita saúde e vitalidade e dizia que ia viver muito ainda e que a família ia aturá-lo por bastante tempo, como relembra Gleyson. Seu Pimenta sempre dizia "Eu sou é parente de Matusalém", o avô de Noé, que segundo a Bíblia, foi o nome com mais longevidade na história, viveu 969 anos. Mas, infelizmente, não deu tempo de alcançar.

“Tão amado e tão querido pelos amigos, foi assim, sem despedidas e sem aplausos. Mas o senhor está marcado na vida de cada um, a cada piada contada, a cada brincadeira vem a lembrança de quem nos fazia sorrir com elas”, diz Gleyson.

Antônio nasceu em Pinheiro (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 87 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo neto de Antônio, Gleyson Pimenta. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 27 de julho de 2020.