Sobre o Inumeráveis

Antonio de Oliveira Luna

1948 - 2020

Esse era o Pai Véio que não queria ir se embora.

Ô, Pai Véio, se você soubesse que a música de Bezerra da Silva lhe traria sempre de volta à tona, a teria cantado mais vezes para toda a família. Para Odete, sua esposa; para os filhos, Adriano, Allan e Gerlane; para os netos, Vinícius, Kalel, Kaian e Letícia.

“Qué falá com pai véio vem agora porque pai véio já qué ir se embora”, diz a música. Mas você, Antônio, ainda não queria. Só queria que todo mundo estivesse pertinho de você, para comer aquele cuscuz ou até para formatar o notebook da nora, Kelly, que o considera a pessoa mais generosa que conheceu na vida.

Apesar dos 71, o Pai Véio era ligadaço na tecnologia. Estava sempre com o celular na mão e às vezes dormia com o dedo na tela, ainda mexendo. Tinha um sono muito fácil. Gostava de se perder nas redes sociais, mexendo em tudo. Assistia a jogos de futebol, viajava. Nas festas, era o tipo de pessoa que não deixava as músicas tocarem completas. Tinha que passar logo.

Quando o Pai Véio teve de ir se embora, antes de ir para a UTI, fez uma vídeo-chamada com o filho mais novo, Allan, e lhe disse: “Te amo”. Como canta a música, “Meu fio, tu vai na paz de Deus”.

Antonio nasceu Gravatá (PE) e faleceu Recife (PE), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Josué Seixas, em entrevista feita com nora Kelly Tavares, em 23 de maio de 2020.