1965 - 2021
Era dono das melhores palhaçadas e o mais engraçado contador de histórias da família.
Conhecido pelos velhos amigos como Antônio "do Zenon", ele nasceu na cearense Tianguá, filho de José Moreira Damasceno e Creuza Fontenele Damasceno como o segundo dos seis filhos do casal.
Aos dezoito anos, seguiu para o Rio de Janeiro para trabalhar e todo o seu ganho era revertido para a família numerosa na tentativa de lhes dar um conforto. Começou em uma fábrica de papel empurrando um carrinho de coleta pelas ruas da cidade. Depois, foi cozinheiro para a "peãozada", caminhoneiro e, pela confiança conquistada, chegou ao cargo de motorista particular do dono da empresa, apelidado Armando “Português” (já falecido), que o tratava como um verdadeiro filho.
Ao retornar do Rio de Janeiro, depois de quinze anos, conheceu Ana Célia, única filha mulher de Francisco das Chagas e Tereza. Os dois se apaixonaram e, quando se casaram, foram morar em uma casa no Sítio Pitanguinha, em Tianguá, onde tiveram os filhos Karolina e Francisco Kauã. No mesmo local, Antônio manteve um pequeno supermercado.
Sempre foi um homem saudável e sentia prazer em fazer caminhadas e trabalhar com sua família. Não gostava de ficar parado e fazia tudo com amor e de maneira radiante: fosse como pai e esposo, fosse como empresário, fazendeiro, agricultor, abatedor de frango, encanador, eletricista, vendedor, caminhoneiro e motorista, entre outras profissões.
Além de ter ótima saúde física, também cuidava da espiritualidade. Participava de quase todas as missas e novenas na comunidade da Igreja de São Pedro. Ali, ajudava a coletar ofertas e preparava, anualmente, as datas comemorativas importantes com procissões, como as da padroeira da cidade Nossa Senhora Sant’Ana, Corpus Christi e a de São Francisco, de quem era devoto fervoroso. Por sua fé, enquanto residia no Rio de Janeiro, esteve várias vezes no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Gostava de receber visitas e amigos em sua residência e para eles contar suas histórias e os casos antigos de Tianguá. No seio de sua família soube trilhar o cotidiano utilizando seu sentido mais refinado: ouvia com atenção os problemas de cada um, sempre tendo uma palavra para ajudar. Nunca dava uma ordem, apenas orientava e oferecia seu ombro para o consolo.
Às vezes ele podia ser rude, mas isso era passageiro, porque, do seu jeito, era amoroso. Seu coração era gigante e sua relação com a família era de amor profundo e lealdade a cada parente, como diz a filha Karolina: “Lutou para dar o melhor para nós”.
Antônio circulava por lugares inusitados, desde que neles houvesse amigos. Alguns recebiam dele apelidos engraçados e o que gostava mesmo era de fazer palhaçadas, caretas e imitações, e de ser o contador de histórias mais engraçado da família. Amava conversar, brincar, passear, visitar amigos e conhecidos, principalmente quando estavam doentes.
Foi uma das figuras mais queridas do Sítio Pitanguinha e, como um historiador contemporâneo, foi um testemunho de diversos fatos e da revitalização da cidade. Dono de memória privilegiada, conhecia cada família local e também, cada Sítio e Comunidade, onde tinha muitos amigos.
Faleceu antes de completar 56 anos, mas deixou uma vasta história repleta de bons exemplos como a solidariedade humana que foi sem, sem dúvida, o mais forte deles.
Com sua partida o mundo perdeu um grande homem; seus filhos perderam um grande pai, conforme conta Karolina: “Ensinou-nos desde cedo que nada cai do céu: para ter sucesso e vencer na vida precisamos de muito esforço, trabalho duro, dedicação e honestidade... Foi dessa maneira que ele venceu na vida, com muita força de vontade, trabalho honesto e por mérito unicamente seu. Estudou pouco, mas na escola da vida era professor, homem visionário, sempre buscando novos desafios para bater no peito, encará-los e vencê-los. Em casa, balançava-se na rede, olhava para o céu, contemplava a natureza e os pássaros e dizia: 'Como Deus é perfeito'”!
Karolina se despede dizendo: “Adeus, meu saudoso paizinho! Seu exemplo é a maior herança deixada para seus filhos. Amaremos você eternamente"!
Antônio nasceu em Tianguá (CE) e faleceu em Tianguá (CE), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Antônio, Karolina Paulino Fontenele. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Larissa Reis em 7 de outubro de 2022.