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Antonio Francisco de Morais Cavalcanti Sobrinho

1961 - 2021

Seu olhar se perdia e se encontrava na paisagem do engenho, no verde que rompia a terra, brotava e frutificava.

Ficar sentado na pilastra do Engenho Macapá Velho tão somente vendo a vida passar era um deleite para o homem alegre que contava muitas piadas e era agricultor desde que se entendia por gente.

Ele amava a natureza, cavalgar e ajudar o próximo. Os dias para ele não eram completos se não desse ao menos uma passadinha na casa de dona Creusa para receber a benção materna diária. Antonio foi maravilhoso como filho, como marido de Rejane, como pai para José Neto, Maria Karolina e Larissa e como avô coruja para os netos Maria Eduarda e Antônio Neto.

Entretanto, se não estivesse na lida ou sentadinho na pilastra, era certamente encontrado em sua cadeira de balanço ─ na varanda do sítio ─ apreciando as plantações que cuidava com tanto esmero.

Assim como suas bananeiras e goiabeiras carregadas de frutos doces e saborosos, Antonio carregava consigo (e distribuía também), para todos que se abeirassem, muita alegria e muitas piadas, sempre! Afinal, ele amava viver a vida e fazia a existência dos outros mais feliz.

Foi presente e dedicou amor incondicional aos três filhos. Antonio sonhava ter um carro de sete lugares para acomodar confortavelmente toda a família nos passeios. Aperreava a esposa ao chamá-la de Zefa, só pelo prazer de rir gostoso ao vê-la bravinha com o gracejo.

Ele amava a terra, o plantio em si, e ainda por cima, era muito querido pelos funcionários que o ajudavam a tocar a lavoura.

Antonio semeava a alegria e partiu deixando muitas lembranças das histórias e causos engraçados que contava, seu sorriso contagiante deixou saudade, mas, acima de tudo, ficaram na memória os bons momentos que proporcionaram tanta felicidade e que hoje alegram os corações dos seus ao recordarem toda sua trajetória. Não há lugar para o esquecimento, apenas para o amor e a saudade do filho, marido, pai e avô amado que Antonio foi.

Antonio nasceu em Macaparana (PE) e faleceu em Santa Rita (PB), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Antonio, Larissa Andrade de Morais Cavalcanti. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 21 de julho de 2021.