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Antônio Gilvan Alves dos Santos

1979 - 2020

Brincalhão, amigo, de carisma enorme e sorriso fácil.

Estava sempre com um sorriso no rosto. Tinha mania de ir até a casa dos vizinhos, e junto com eles, fazer piadas e gracinhas. As visitas quase sempre acabavam na cervejinha que ele tanto amava. Brincalhão, vivia fazendo as pessoas a sua volta mais felizes. Amava viver.

Era muito família. Um pai maravilhoso. Amava suas duas filhas, e tinha um xodó especial na pequena Heloísa, de apenas três anos. A caçula tinha lisencefalia (transtorno causado pela má formação do cérebro) e sempre que possível o pai a acompanhava nas consultas e exames. Adorava brincar e passear com a filha, juntos iam a clubes, praias, shoppings e onde mais fosse possível.

Antônio trabalhou desde os 12 anos. Se estabilizou como segurança de banco, e era louco pelo seu trabalho. Nunca faltou um único dia. O emprego foi um dos sonhos que tinha e que conseguiu realizar. Também conseguiu ter um carro confortável, uma casa boa, e a sonhada estabilidade financeira.

Estava sempre disposto a ajudar o próximo, era capaz de tirar de si mesmo para dar ao outro. Tratava todos com respeito e carinho e vivia ajudando os idosos que iam até o banco.

Dos quatro filhos, era o mais novo entre os homens. De todos, também era o mais bravo, ciumento e briguento. Ao mesmo tempo, conseguia ser o mais conselheiro, amoroso e carinhoso. Expressava seus sentimentos com facilidade. Amava os irmãos.

A primeira vez que foi ao cinema, Antônio tinha 34 anos. Ficou encantado. Parecia uma criança. Foi a irmã quem o levou, e ficava dando risinhos de felicidade vendo o deslumbre do irmão. O passeio valeu a pena. Um tempo depois, quando a mesma irmã desenvolveu câncer, seguiu dando forças e não permitiu, em hipótese alguma, que ela desistisse. O apoio de Antônio foi fundamental, e juntos, venceram a doença.

Queria ainda comprar um micro-ônibus para fazer viagens de turismo. Não foi possível, mas Antônio realizou muitos dos sonhos que tinha. Viveu a vida intensamente, e aproveitou cada segundo. Aqui, a família e os amigos guardam a alegria e o carinho do segurança, e levam a bondade e a gentileza como ensinamentos. No banco, os idosos do banco sentem sua falta.

Antônio nasceu Quixeramobim (CE) e faleceu Mombaça (CE), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Antônio, Francisca Christiane Alves dos Santos. Este texto foi apurado e escrito por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2020.