1958 - 2020
Homem de alma revolucionária e dono de um coração maior do que lhe cabia no peito, deu a vida pela mãe.
Irmão, marido, filho, pai de cinco, avô de três e de mais um que estava para chegar quando ele partiu. Antonio assumiu cada uma dessas funções com o coração.
Era um ser humano ímpar, doava-se aos outros sem esperar nada em troca. Praticava a solidariedade. Preocupou-se em reconhecer os seus privilégios e ajudar pessoas menos favorecidas, para que estas também tivessem acesso a esses direitos e oportunidades.
Deixou um legado de gentileza para toda a cidade.
Antonio era um homem de muitos hobbies, mas um dos principais era ouvir a banda Pink Floyd ao lado da esposa e tomando um bom vinho. Aliás, adorava rock progressivo. Era fã das composições musicais das bandas Yes, Genesis e Emerson, Lake and Palmer.
O funcionário público formado em Biomedicina pela UnB foi um homem ocupado, de muitas profissões e afazeres. Atuou na área de Tecnologia da Informação, na Câmara dos Deputados, deu aulas de Matemática, teve suas próprias empresas e ainda aprendeu a lidar com produção musical para apoiar a filha, que dava seus primeiros passos na área. Praticou polo aquático e capoeira na juventude.
Tudo o que não sabia fazer, procurava aprender. Laborou, empreendeu e lecionou. Curioso e determinado, era apaixonado por aprender coisas novas. Amava estudar e estava sempre lendo e pesquisando sobre algo novo. Engajado politicamente, Antônio era declaradamente comunista e unia suas habilidades de produção musical com a militância, produzindo lives e eventos culturais para o PT.
Acolheu muitos artistas iniciantes e sem recursos no seu estúdio, por apostar na juventude.
Combinando com a sua alma revolucionária, amava documentários sobre histórias transformadoras, como a de Joana D'Arc.
“Formiguinha”, adorava doces e “bolos de vó”. Gostava tanto de café, que havia comprado várias cafeteiras no início da pandemia.
Apreciava muito viajar e não media esforços para ir em lugares calmos. Como um bom carioca, amava praias. Mudou-se para Brasília e continuou procurando por paisagens naturais.
Sempre perguntava, ao anoitecer, das novidades de carreira que a filha tinha. Sempre investiu e acreditou na arte dela.
Antonio viveu intensamente e fez tudo o que queria, sem qualquer medo. Deu a vida pela mãe, Eliza, em um ato heroico, ao escolher cuidar dela e isolar-se com ela, que havia sido infectada pela Covid-19.
“A maior lição de vida deixada por ele foi, sem dúvida, que nunca é tarde para você ir atrás dos seus sonhos”, conta a filha Mariana.
Antonio nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Brasília (DF), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Antonio, Mariana Camelo Pereira. Este texto foi apurado e escrito por Vanessa Miranda, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 12 de outubro de 2020.