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Antônio Lúcio da Silva

1962 - 2021

Só de ouvir o barulho do motor de um ônibus, já conseguia diagnosticar com precisão o problema.

"Um ser humano apaixonado pela vida, pelo trabalho e, principalmente, pela família. Dono de uma gargalhada inesquecível e de um coração gigante, gostava de uma pescaria, de um bom prato e um bom papo também. Era um domador de netinhos, meu companheiro de vida, meu melhor amigo e meu fã número um", é com essa emoção no coração e nas palavras que Adriane inicia sua homenagem ao pai.

Adriane conta que seu pai "viveu pela família e para a família". O casamento com Maria de Lourdes foi sacramentado quando ele estava com 18 anos. As mais de quatro décadas de uma união feliz renderam ao casal quatro filhos e seis netos. Antônio batalhou a vida toda para criar os filhos de maneira digna e todos sempre lhe deram muito orgulho. Orgulhosamente ele contava e enaltecia cada graduação das filhas, uma em Arquitetura e Urbanismo, outra em Medicina e outra em Enfermagem; todas alcançadas por elas com muito esforço do pai para ajudá-las.

Tinha uma relação de amor e carinho com toda a família, era exemplo de luta e perseverança na conquista de seus objetivos e sempre teve o coração caridoso e bondoso; se fosse preciso, tirava da própria boca para dar a quem encontrasse pela frente e estivesse necessitando.

Emotivo e carinhoso, amava cuidar dos bichos na roça ─ seu refúgio ─ e dedicava horas e horas tratando de todos, principalmente das galinhas. Pescar também era uma de suas grandes paixões.

Sempre alegre e sorridente, fazia de tudo para agradar e ver todo mundo bem. Gostava de música sertaneja e era um sucesso quando tocava no carro o pen drive com as quase 200 músicas que mais gostava ─ e que foram escolhidas a dedo ─ que ganhou no Natal.

Com uma alegria contagiante, para ele não tinha tempo ruim. Porém, a emoção e o choro tomavam conta às vezes, quando se lembrava saudoso dos pais já falecidos.

Amava o trabalho, era mecânico de ônibus e, só de ouvir o barulho, já fazia o "diagnóstico". Aos fins de semana trabalhava como borracheiro na roça.

Tinha muitos planos, levar as filhas até o altar era um deles. Ele ajudou a escolher o vestido de noiva, o serviço de buffet e a preparar a lista de convidados para o casamento (adiado por conta da pandemia). Como estava prestes a se aposentar, entre seus planos para curtir a aposentadoria estavam também: viajar para a praia e conhecer Caldas Novas, em Goiás.

Era devoto de Nossa Senhora Aparecida e seus maiores prazeres estavam na convivência com a família, em passar o tempo com os netinhos, trabalhar, dormir e comer. Aliás, comia de tudo! Entre seus pratos prediletos estavam: torta de legumes, frango, doces, mingau e a tapioca com queijo preparada pela filha.

Antônio foi um ser humano diferenciado e iluminado que passou pela vida distribuindo generosidade ao próximo e amor aos que conviviam com ele. Em nome de toda a família, Adriane eterniza a linda história de vida do pai e promete: "Te amarei eternamente e ainda depois".

Antônio nasceu em Itaúna (MG) e faleceu em Divinópolis (MG), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Antônio, Adriane Aparecida Tupinambás Silva. Este tributo foi apurado por Larissa Reis e Ticiana Werneck, editado por Karina Zeferino, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 24 de junho de 2021.