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Antonio Pedro Arlatti

1935 - 2020

Prudentino com orgulho, foi exemplo de caráter e o melhor avô do mundo. Honestidade era a sua marca.

Muito trabalhador e apaixonado pela cidade natal, Presidente Prudente, Antonio gostava de contar as histórias de seu retorno à cidade, aos 20 anos, de falar sobre a expansão da estrada de ferro, tão importante para o escoamento da produção cafeeira nos tempos áureos do café na região, e sobre o desenvolvimento do município.

Em meados da década de 50, o então jovem Antonio começou a trabalhar na Estrada de Ferro Sorocabana. Sentia muito orgulho de seus feitos e da cidade que viu crescer e se desenvolver. Ele sempre dizia: "Quando paro e olho para trás, sinto uma alegria muito grande em ver como a cidade evoluiu, hoje é tudo asfaltado, iluminado... Olho para o alto e fico admirando esses prédios. Sou feliz em ser prudentino!"

Casado com Nathair de Oliveira Arlatti, sua companheira de vida, tiveram juntos quatro filhas, seis netos e quatro bisnetos. Foi um pai que nunca deixou faltar nada para a família. Não tinha o costume de falar "eu te amo", talvez devido à criação rigorosa que teve, mas sempre trazia um docinho para agradar as filhas quando ainda pequenas; com os netos, era alegre, contador de histórias e de lições de vida.

Adorava cachorros e teve um que foi seu amigo inseparável: o Sheik. Tudo que ele ia comer, dividia com Sheik, que era "roliço", como ele mesmo costumava dizer.

Suas principais distrações eram: passear no calçadão da cidade, encontrar-se com seus antigos amigos da FEPASA e ficar horas relembrando as histórias dos tempos de trabalho. Gostava de andar pela cidade, sempre a pé. Ia aos mercados e às feiras, sempre ligado no preço de tudo que iria comprar.

Em 2017, Antonio descobriu um câncer de boca e, guerreiro que era, passou por cirurgia, tratamento e a tão esperada cura chegou. Em 2020, menos de dois meses após ser novamente diagnosticado com câncer, dessa vez no intestino, foi vitimado pela Covid-19 e partiu, deixando uma saudade imensa.

A neta Mayara relembra com carinho do avô e relata emocionada: "Era o avô com as melhores histórias que poderia existir, a careca mais lisinha e cheirosa que todos os anos eu enchia de beijos e mais beijos, fazia o melhor sanduíche de mortadela e agora representa a maior saudade que vou sentir. Esse era o meu querido avô!"

Antonio nasceu em Presidente Prudente (SP) e faleceu em Presidente Prudente (SP), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Antonio, Mayara Arlatti Serrano de Carvalho. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 23 de janeiro de 2021.