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Antônio Pinheiro Martiniano

1943 - 2020

O passarinho vascaíno mais alegre que existiu.

Antônio adorava colocar apelidos em todo mundo e tinha uma explicação engraçada para cada uma das alcunhas que escolhia. “Também era cheio de manias: só tomava água no seu copo azul, e só comia com a colher do cabo laranja e o garfo grande com o prato pequeno”, conta sua neta, Shamira.

Ela diz que Antônio era um avô dedicado e um bisavô coruja: “Enchia o peito orgulhoso para dizer: ‘Eu já sou bisavô’. Conhecia os gostos de cada neto e fazia questão de agradar.”

Shamira afirma que Antônio, um vascaíno apaixonado, também nunca escondeu o amor incondicional que sentia por todos, demonstrando seu carinho com cuidados e atenções.

“Fã de Luiz Gonzaga, sua partida foi do jeito narrado em ‘Umbuzeiro da Saudade’, a canção do ‘Rei do Baião’ que ele mais gostava”, relata a neta, citando um trechinho da letra da música, composição de Luiz Gonzaga e João Silva:

"Foi naquela manhãzinha
Quando o sol nos acordou
Que a nossa felicidade
Machucou tanta saudade
Que me endoideceu de amor.
Indiscreto passarinho
Solitário cantador
Descobriu nosso segredo
Acabou com nosso enredo
Bateu asas e voou."

“Sentirei saudades eternas do avô brincalhão, especialista em fazer sorrir a família, os amigos e todos aqueles que o conheciam", diz Shamira.

Antônio nasceu em Araruna (PB) e faleceu em João Pessoa (PB), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Antônio, Shamira Martiniano de Lima Barbosa. Este tributo foi apurado por Samara Lopes, editado por Renata Meffe, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de outubro de 2020.