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Antonio Raimundo Lemos Pereira

1958 - 2020

Com seu sorriso e suas músicas, esse menino regueiro tocava corações.

Antonio nasceu em uma família pobre e desde cedo já ajudava a mãe a cuidar dos oito irmãos. Sempre contava suas histórias, pois passaram muita dificuldade e, ainda criança, perdeu um dos irmãos.

O filho de Dona Rafisa, mulher guerreira, construiu família e deixa cinco filhos e uma neta. Um pai, avô, irmão, filho e tio inesquecível. Ser humano belo e querido por onde passava, que se preocupava com o bem-estar de todos.

Era um menino brincalhão e feliz, que desde cedo apaixonou-se pelas artes. Poeta, cantor e compositor. Sempre trabalhou com cultura de um modo geral. Amava o reggae do Maranhão, a música popular, e cantava as belezas de sua cidade, Alcântara.

E assim tornou-se Pitty de Alcântara! Pitty viajou e conheceu outros lugares neste mundo, mas nunca esqueceu quem era e sua origem. Esse “menino regueiro” sempre foi feliz e grato demais pelo caminho escolhido.

Ele também amava pescar e contar histórias. Além de gravar vídeos cantando suas músicas em plataformas de compartilhamento de vídeos e redes sociais. Para ele era uma brincadeira, mas hoje, para sua família, é um legado.

Como a música que fez para um dos filhos ao nascer: “Filho do papai, está sorrindo, se alimentando, lindo menino (...) Você é tudo que eu queria ter aqui comigo”. Fez também uma para sua falecida mãe na qual a chama de “Índia negra a minha mãe Rafa guerreira...”. Era como a chamava: “índia negra”.

Lembranças inesquecíveis, como diz a sobrinha, que sente às vezes esquecer que ele partiu, pois era muito presente em sua vida. Vanessa completa relatando o quão importante e amoroso seu tio era com a família: “Pro meu pai ele foi pai, irmão, amigo... tudo antes de adoecer. Meu pai tem diabetes e ele cuidou durante um mês dele. Graças a sua dedicação e a seus cuidados, meu pai não chegou a ser amputado".

“Mas sua hora chegou e o vírus o levou para morar com Jah. Foi triste não podermos dar um último adeus, pois ele estava na capital, São Luís. Alguns poucos familiares prestaram uma homenagem. Sentiremos muita saudade desse moleque que acendia o mundo com seu sorriso”, despede-se Vanessa.

Antonio nasceu em Alcântara (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Antonio, Vanessa Cristina Sousa Pereira. Este tributo foi apurado por Milena Flor Tomé, editado por Denise Pereira, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 12 de setembro de 2020.