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Antonio Teles Sipriano

1940 - 2020

Semeador de amor, firmeza e alegria.

Esta é uma homenagem da filha Benedita ao seu pai, Antonio Teles Sipriano:

Antonio Teles Sipriano nasceu na década de 40, na região do pé da Serra da Ibiapaba, no nosso “Siará Grande”, no auspicioso dia 23 de agosto. Filho do Sr. Zeferino e de D. Rita, gente sertaneja, indígena, benzedeira, batalhadora, de força e fé. Antonio veio dessa linhagem; por isso cresceu caboclo bom, rezador, trabalhador desde a tenra infância.

Exerceu os mais diferentes ofícios; labutou em engenho de cana, foi agricultor de mão cheia (toda a vida) e operário na cidade grande, daqueles que migraram do Sertão para se juntar às fileiras de trabalhadores da Fábrica Siqueira Gurgel, na “Fustaleza”.

Possuía vastos conhecimentos sobre as mais diversas temáticas. Era um bom professor: paciente, amoroso e bem-humorado. Gaiato, para falar em uma linguagem cearense. Nunca esteve em uma escola formal, sua sabedoria vinha de longe e foi construída junto à natureza, às plantas, aos passarinhos e, também, junto à efervescência da grande cidade, em meio à vida pulsante que tanto nos ensina e desafia.

Foi, ainda, apreciador e cantador de romances e repentes da nossa poesia popular. Nos anos 50, com seu irmão Nonato (Tio Dadá), saía pelos sertões se aventurando e alegrando o povo com sua cantoria. Guardou vários desses romances, por toda a vida, em sua memória, até nos momentos em que esta começou a dar sinais de cansaço.

Ainda na juventude, Antonio encontrou Antonia e nunca mais se desencontraram. O casório foi no ano de 1963, município de Frecheirinha, Comarca de Tianguá, no estado do Ceará. Tornaram-se uno e esse amor se multiplicou em uma frondosa família: dez filhos; destes, um virou anjo. Foram muitas as pelejas e alegrias vividas ao longo de 57 anos de matrimônio. Com paciência e perseverança, muitas batalhas foram vencidas, por esse casal firmado no amor e na união.

Antonio Teles, Antonio Rita, Sr. Sipriano, Toinho, Painho foi, sobretudo, um semeador. Plantou boas sementes por onde passou. Seus ensinamentos, sua força e memória estão vivos em nossos corações e nos protegem, nos guiam e iluminam nosso caminho.

"Quem planta colhe, colhe tudo que plantou. Vamos plantar sempre a semente do amor".

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Esta é uma homenagem do neto Gabriel ao seu avô, Antonio Teles Sipriano:

Pai, avô, bisavô, amigo e, acima de tudo, um forte. Homem trabalhador, passou o início da sua vida em uma fazenda muito pobre no sertão cearense, vivendo de agricultura de subsistência.

Teve muitas profissões: foi agricultor, pipoqueiro, vendedor, vigilante, pedreiro, operário, mas nunca abandonou suas origens agrárias.

Casou cedo, com o amor da sua vida - mesmo contra a vontade dos pais da noiva - e passaram a vida toda juntos. Com ela, formou uma grande família, dez filhos, muitos netos e bisnetos, além das várias crianças que ele ajudou a criar e dos adultos a quem ele socorreu em inúmeras dificuldades.

A família migrou aos poucos durante os anos 80 para Fortaleza, onde conseguiu uma melhoria das condições de vida, com muito trabalho e suor. Mesmo na capital do Ceará, sempre manteve um contato muito forte com sua tão amada terra natal: a região da Ibiapaba e seu pé de serra; assim como com seus compadres e comadres.

Conseguiu dar uma boa educação para seus filhos, mesmo sendo analfabeto, o que permitiu uma prosperidade ainda maior de sua família. Adorava cantar, dançar e conversar com os amigos; era bastante animado, fã de grandes músicos que cantam o Sertão, sempre estava cantarolando Luiz Gonzaga.

Já no final da vida, desenvolveu Alzheimer e, mesmo assim, nunca perdeu a alegria de sempre.

Avô, espero que tenha aproveitado a vida ao máximo e que não tenha sofrido na hora da partida. Te amo! Falarei muito sobre você aos meus filhos e netos, e sempre te guardarei nas minhas boas lembranças.

Antonio nasceu em Granja (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha e pelo neto de Antonio, Benedita Sipriano e João Gabriel Sipriano. Este tributo foi apurado por Ana Macarini, editado por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 11 de março de 2021.