1932 - 2020
Gostava de receber visitas aos domingos, era quando todos os filhos se juntavam.
A grande preocupação dela era ver os filhos e netos bem de saúde, casados, com suas moradias próprias, todos trabalhando e se possível estudando também. Nisso ela sentia tranquilidade e segurança. Tinha muita fé no Divino Pai Eterno, em Nossa Senhora Aparecida e na Menina Izildinha — O Anjo do Senhor, tendo alcançado duas graças importantes através dele. Aparecida tinha muita fé e nos momentos difíceis ou de aflição ela sempre pedia ajuda espiritual.
Ela teve sete filhos: Neusa, Teresa, Sônia, Adauto, Valter, Izilda e Fátima. Mas um de seus netos, Bruno, que sempre morou com ela, também era considerado filho, não neto. Aparecida trabalhou desde pequena e fazia muitas coisas. Amava água de coco, garapa e melancia. Quando ia ao banco com o neto, comprava seu caldo de cana e passava pelo supermercado para umas comprinhas. Ela amava passear, ir à praia com a família e era brava quando se tratava dos filhos. Morria de medo de algo de ruim acontecer com os filhos e sempre os alertava sobre as más influências dizendo: “Amigo não dá manga de camisa pra ninguém”. Era o jeito dela de dizer para não confiar demais nos outros e atentar para quem realmente era amigo do bem.
Os filhos de Aparecida tiveram uma infância difícil, mas a vida que ela podia dar a eles era aquela. Enquanto cresciam, ela era brava e enérgica: se fizessem alguma coisa errada, ai, ai, ai... sobrava pra todo mundo. Mas todos os limites que ela ensinou à prole foram e são importantes, pois eram muito unidos. Aparecida não deixava que eles se desgarrassem dela. Depois que os filhos foram amadurecendo, cada um seguindo seu caminho, ela se aposentou e sua vida ficou mais tranquila, tanto em termos financeiros, quanto na preocupação com os afazeres domésticos.
Aparecida era uma pessoa simples, sem muita instrução escolar, mas muito inteligente e de raciocínio rápido. Era sabida. Dificilmente alguém a enganava. Não aceitava que a chamassem de velha. Quando algum dos filhos sugeria que participasse de algum evento da terceira idade, ela dizia que não era velha para participar. Ela gostava muito de viver: foi feliz, criou os filhos, abraçou os netos e bisnetos. Estar com a família ao seu redor era motivo de muita alegria. Também gostava de passear, mas quando se sentia satisfeita, já queria ir embora. Três dias fora de casa era o máximo que consentia: “Já passeei, agora quero voltar”. Essa era Aparecida.
Uma das filhas de Aparecida, Teresa, é quem diz: “Ela tinha uma presença marcante, poderosa. Mesmo nos seus 87 anos de vida, com cabelinho sempre pintado, unhas feitas, casinha reformada. Ela queria os filhos sempre por perto. Foi embora com a missão cumprida, mas deixou saudades. Tenho certeza de que, esteja onde estiver, ela está feliz! Seu legado foi justo, trabalhou muito, cuidou muito bem de todos nós.”
Aparecida nasceu Cafelândia (SP) e faleceu Monte Alto (SP), aos 87 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Aparecida, Teresa Carcinoni Fernandes de Azevedo. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ozaias da Silva Rodrigues, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 5 de agosto de 2021.