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Ari Flademir Ferreira

1964 - 2020

Prego foi caminhoneiro e conheceu muito bem os caminhos da felicidade: família, amigos e churrasco.

Ari sentia orgulho de ser caminhoneiro. Entre as muitas estações, cumpria o seu ofício e sempre retornava à sua Primavera do Leste, no Mato Grosso. Lá, ninguém sabia dizer quem era esse tal de Ari, mas o Prego? Ah, esse todos conheciam!

Prego era uma pessoa tão simples que poderia florescer em qualquer canto do mundo, ainda que não fosse primavera. Mas, por outro lado, não media esforços para realizar os desejos de quem amava, que acabavam por se tornar os seus sonhos também. Foi assim que passou noites e noites seguidas na boleia do seu caminhão, com o objetivo de ajudar financeiramente o seu filho a se formar. "E assim o fez. Ele falava com brilho nos olhos: sou o pai do Doutor Fábio", conta o filho.

Apesar da vida nas estradas, não era difícil vê-lo rodeado de pessoas. Ele tinha muitas amizades e amava um churrasco. Além de amigo, foi um esposo apaixonado pela sua Joce.

Em seu lar, Prego encontrava aquilo que fazia o seu coração pulsar mais forte. Aos domingos, telefonava saudoso para a sua família e fazia o seu característico convite: "Vamos descer para a chácara?"

Agora, essa despedida não anuncia retorno, mas, como de costume, a sua partida jamais será motivo para esquecê-lo.

Ari nasceu em Marau (RS) e faleceu em Primavera do Leste (MT), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Ari, Fábio Ferreira. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Luciana Fonseca, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.