Armando Gama de Oliveira

1929 - 2020

Amava a vida e a vivia de maneira simples e honrosa, com uma energia tão grande, que deixava muitos jovens de queixo caído.

Esta é uma carta aberta de Thânella para seu avô:

Armando Gama de Oliveira, mais conhecido como Sr. Armandão, baiano da gema, homem guerreiro, de fibra, batalhador, forte, que travava lutas diárias e vencia em seu silêncio, fé e dedicação, com uma alegria contagiante e um sorriso que neste momento sentimos tanta falta.

Amava a vida e a vivia de maneira simples e honrada, com uma energia que deixava muitos jovens de queixo caído. Um grande contador de histórias, gostava de passar horas conversando, nos contando sobre sua infância e juventude, e a historia do cavalo sempre se fazia presente, todos nós já sabíamos de cor, mas todas as vezes aparecia uma informação diferente, uma lição a ser aprendida.

Morador antigo de Linhares, onde amigo não lhe faltava, e ele sempre tinha um apelido na ponta da língua para dá-los, mosquito, falamansa e profeta eram alguns deles. Sempre rodeado de muitas pessoas, com um coração generoso e acolhedor os tratava como filhos, integrantes da família, muitos deram os primeiros passos em busca de um futuro profissional ao lado dele.

Teve 12 filhos, criou um enteado e duas netas. Amava sua esposa, Creuza, mulher dedicada e alegre, que não media esforços para vê-lo feliz.

Ao meu avô, serei eternamente grata por tudo. Me lembro de acordar todas as manhãs e encontrar sobre a mesa um montinho de moedas deixadas carinhosamente para eu e minha irmã lancharmos no intervalo da escola; de aguardar ansiosamente a chegada da noite para jogarmos baralho ou dama no chão da sala, e ele mesmo cansado da correria do dia a dia me dava atenção com tanta paciência.

Lembro-me, também, das tentativas de pentear seus cabelos, mesmo eles sendo tão pequenos, de deixar eu pintar suas unhas de rosa - minha cor preferida; de acordar bem cedo para lhe fazer companhia em seu açougue; de comermos juntos churrasco com farinha, típico de um baiano arretado. E, depois de crescidas, ao chegar na sua casa, sempre éramos recebidos com um enorme sorriso e os abraços mais gostosos que poderíamos receber.

Nos acostumar com sua falta está sendo muito difícil, pois em cada detalhe lembramos dele. Porém, temos a certeza que ainda nos encontraremos na eternidade. Nós te amamos.