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Arthur Marins de Barros

1944 - 2020

Eternizou seu jeito de tocar violão nas canções de Gonzaga; semeou amor e tinha orgulho da família unida que construiu.

Aprendeu sozinho a tocar violão e amava fazer isso, tocava de um jeitinho único, o som era lindo, apenas ele sabia e ninguém conseguia aprender, por mais que tentasse. Gostava também de cuidar dos seus periquitos e papagaios, deixava frutas nas árvores de trás da sua casa, na plantação que se orgulhava de cultivar. Era palmeirense que torcia, mas se mantinha tranquilo, nada estragava seu bom humor e felicidade.

No entanto, nada era mais característico em sua personalidade do que o amor pela família. Cresceu ao lado de quatro irmãos, que se mantiveram unidos mesmo com o tempo e distância, ele se fazia presente e visitava cada um. Emoldurou fotos de todos na parede do corredor de casa, representavam o orgulho que sentia. Mesmo sem uma boa estabilidade financeira, foi, com sua esposa e todos os seus filhos, de Pernambuco para São Paulo, onde trabalhou em diversos empregos para sustentar e dar conforto para todos.

Foi compensado pelo esforço, construiu sua casa própria em um terreno que comprou. Sua vida pôde ser considerada de conquistas, fazia questão de falar sempre o quanto estava feliz com todos os laços de amor que construiu. Seus maiores sonhos eram: ter uma família que permanecesse unida, ter uma casinha pra ele e sua esposa viverem o resto da vida juntos e ver seus netos crescerem e se tornarem pessoas boas. Conseguiu tudo isso e um pouco mais, foi um pai incrível para seus cinco filhos, que lhe renderam dez netos, que também o amavam muito e o viam como exemplo. Ainda conseguiu conhecer seus cinco bisnetos, mesmo com o pouco tempo de convivência, também os considerava muito.

Para sua esposa, Rita, foi um marido maravilhoso, fez tudo que estava ao seu alcance, a levava para os lugares que mais gostava, os dois sempre estavam um ao lado do outro para tudo, desde dias simples até passeios em Aparecida do Norte.

Quem não era da família, ele adotava também como neto, porque o espaço no coração de Seu Arthur era enorme. Uma história que a família sempre lembra e que representa o quanto ele gostava de estar em união, foi quando comprou seu primeiro carro, um Passat bege, ficou tão feliz que colocou toda a família no carro e foi buscar a filha na escola, mas na hora de voltar pra casa, o carro estava tão cheio que não tinha lugar para a filha.

Sua neta, Sara, manda um recado para seu avô, considerado doce e vitorioso por ela: "Nós te amamos muito, Seu Arthur, que Deus cuide de ti e te compense pela pessoa maravilhosa que foi em vida. Prometemos que seremos fortes, mas sem esquecer do quão incrível o senhor foi".

Arthur nasceu em Salgueiro (PE) e faleceu em Guarulhos (SP), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Arthur, Sara da Silva Barros. Este texto foi apurado e escrito por Letícia Sansão, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de outubro de 2020.