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Astor Edemar Kopp

1955 - 2021

Todas as manhãs lia o jornal impresso e resolvia as Cruzadinhas.

Astor começou a trabalhar aos seis anos entregando leite para ajudar nas finanças da sua família, que era composta pelos pais e cinco irmãos. A sua trajetória de trabalho começou assim, com dificuldades, trabalhando na roça, mas de sua boca não saia uma história com tom de sofrimento.

Trabalho em diversas profissões: serviu o Exército por cinco anos, em Porto Alegre; foi professor, em Palmitinho; entregador de gás e vigilante, em Canoas. Trabalho não era um problema para ele, pois era muito esforçado.

Casou-se com a mãe de seus filhos e viveram juntos por vinte anos até a separação. Construíram uma relação de muito amor e de bons exemplos para os seus filhos. “Ela faleceu um ano e meio antes dele e ele sofreu muito”, conta Carla, sua filha mais nova.

Gostava das atividades simples da vida como ler o jornal impresso todas as manhãs e resolver as Cruzadinhas; cuidar de sua horta e de plantar; andar de bicicleta e depois dos 58 anos, de moto. “Não abria mão de ir de moto para praia. Levou alguns tombos e a gente até falou que ia colocar rodinha. Comprou a primeira mais comum e depois adquiriu uma maior e mais alta, mais potente, como ele dizia”, relembra.

Tinha um hábito muito carinhoso: usava adjetivos para falar com as pessoas. Era a neta maravilhosa ou o amado genro, a filha poderosa... Sempre a cada contato, ele tratava quem amava com imenso carinho. E antes de desligar o telefone, se despedia algumas vezes e continuava conversando.

Apaixonado pelo Grêmio, sabia toda a história do time e incessantemente contava, com a sua voz firme e alta, as datas e feitos históricos.

Seu coração tinha tanto espaço para o amor, que foi já na terceira idade que adotou seu companheiro amado, o cachorro vira-lata: “Bobinho”. O levava para passear e o tratava com muito amor.

Seu jeito singular de falar com as pessoas, suas mensagens eternamente carinhosas e amorosas, fazem falta na vida de todos aqueles que o amam. Seu Astor deixa saudades e lembranças de uma vida cheia de batalhas com amor.

Astor nasceu em Candelária (RS) e faleceu em Canoas (RS), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Astor, Carla Naini Kopp. Este tributo foi apurado por -, editado por Aline Mariane Fernandes, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 4 de março de 2022.