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Átila Vieira Correia

1976 - 2021

Não aceitava que o medo o levasse para longe do que acreditava. Lutava.

Conhecido por ajudar as pessoas em situação de rua, Átila, desde muito jovem, valente e determinado, estava à frente do Movimento de Meninos e Meninas de Ruas de Maceió, capital de Alagoas. Era um personagem raro, que mais tarde, já como jornalista, não abandonou as causas em que acreditava. Sempre foi possível identificá-lo pela coragem de ter desafiado grupos de extermínios e de colocar sua vida em risco por diversas vezes, por sofrer ameaças graves, porque defendia aos mais necessitados. Capaz de se doar aos outros sem reservas. Um homem generoso e humilde, capaz de agregar pessoas tão diferentes e acolhê-las em seu coração de criança.

Devido às causas em que acreditava e lutava, Átila foi alvo, por mais de uma vez, de atentados criminosos cometidos por gente que não aceitava que alguém se preocupasse e cuidasse de excluídos e marginalizados como se fossem irmãos de sangue. Era uma pessoa que nunca deixou que a coragem e determinação os abandonasse, assim como o seu sorriso. Era o filho amado, o irmão querido, o amigo presente. Esses e muitos outros títulos são possíveis a ele.

Além de profissional da comunicação, Átila era artista. Amava poesia, e ao declamar, se transformava em rimas e versos. Era música, daquelas em que a composição foi feita para acalmar a alma das pessoas. Era muito fácil admirá-lo, fosse na rua ou em palcos de teatros.

"Olhe para o céu e mire a estrela mais brilhante, ela sorrirá para você! Assim era o sorriso do Átila. Ele só pode ser visto pelo coração” - afirma Ricardo - amigo do jornalista. E continua: "Ele era arte, expressão viva que permanecerá presente em nossas vidas! Átila é uma inspiração de DEUS. Um número infinito, assim como o nosso amor por ele".

Trabalhando com Heloísa Helena, se tornou o braço direito da ex - parlamentar . Era o mesmo de sempre, firme e risonho. "Agora, perdemos todos nós, que acreditamos que uma boa causa precisa de gente muito especial para enfrentá-la. Era o caso do Átila, um sujeito muito maior do que aquilo que costumamos enxergar nas pessoas de alma larga, que carregam os sentimentos do mundo”, finaliza Ricardo.

Átila nasceu em Maceió (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo amigo de Átila, Ricardo da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ozaias da Silva Rodrigues, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 30 de junho de 2021.