1951 - 2020
Era doçura e carinho em pessoa. Na mesa de sua casa, não faltavam bolos e lanches para receber visitas da família.
Dona Áurea, como era conhecida por todos, era a doçura e o carinho em pessoa.
Em sua casa, todas as visitas eram recebidas com a mesma alegria. Teve apenas três filhos com o esposo, Luiz, com quem foi casada por quarenta e dois anos, mas o imenso amor que nutria pela família se espalhava até pelos parentes mais distantes, que ela tratava como se fossem próximos — Dona Áurea dizia que, só por serem parentes, já eram muito importantes. Sempre insistia com Luiz para que fossem visitá-los, até que ele cedesse e fizesse sua vontade.
Era uma avó babona, que gostava de cozinhar para a família: em sua mesa, o que não faltavam eram bolos e lanches para todos. Gostava de passear e de presentear, e estava sempre perfumada. "Ela dizia que eu ainda tinha o mesmo cheiro de quando nasci", lembra sua neta Débora. "Cheiro de leite."
Áurea vivia sozinha com Luiz, e passava longos finais de tarde na calçada, esperando que ele voltasse da roça. Em 2016, seu companheiro partiu, levando um pouco do brilho dos olhos de Áurea, que afirmava não existir mais um homem como ele. Um dos três filhos do casal também faleceu, antes do pai. Apesar das saudades, ela sempre se lembrava com carinho da honestidade e do caráter de ambos, e nunca deixou de transmitir serenidade e alegria.
E é dessa forma que ela será para sempre lembrada nos corações que marcou com tanto amor. Uma pessoa doce e tranquila, pronta para entender e acolher, Dona Áurea fará muita falta.
Áurea nasceu em Quixelô (CE) e faleceu em Iguatu (CE), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Áurea, Débora Almino. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Victoria Vital, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2021.