1931 - 2020
Aos sábados, deitava-se e dizia: "Vou descansar as pernas, porque mais tarde vou para o meu forró".
A dona da festa e sempre disposta à dançar. Vivia com intensidade.
Beatriz era tão de bem com a vida, que, mesmo convivendo com o alzheimer não deixava de cantar Martinho da Vila e, nem mesmo seus problemas no joelho a impediam de dançar forró.
Amava a casa cheia. Era comum sermos recebidos com um sorriso no rosto e um: "Querido(a)! Você tá aí, é?" No auge de sua vida, saía à noite para dançar forró! Cantava a todos que "a vida vai melhorar", como dizia seu cantor favorito.
Sua casa era o ponto de encontro de toda a família. Desde os mais chegados, até os parentes distantes. Ela se importava com todas as pessoas e buscava ajudar como pudesse. Criou os seus filhos com muito sacrifício, mas também muito amor.
Bia perdeu seus pais muito nova e teve, praticamente que se criar sozinha. Era lembrada por sua incrível força de vontade, não se deixando abater pelas adversidades da vida. Casou-se com Antônio, com quem teve quatro filhos e ajudou na criação de Dionatas - filho de uma amiga da família, que ela possuía muito carinho.
Se perguntassem como ela estava, a resposta era sempre a mesma: "estou bem, meu joelho que está ruim, mas vai melhorar". Raramente estava mal ou triste.
Aos seus netos, prezava muito o estudo. Dizia que não teve muitas chances na vida, mas que, com estudo, conseguiriam coisas melhores. Sempre perguntava aos netos mais velhos como estavam a escola, dando força para continuarem.
Às filhas, ensinou responsabilidade e dignidade. Desde muito cedo, dizia que precisavam trabalhar para conquistar seus espaços. Era muito friorenta e, mesmo no calor do Rio de Janeiro, usava blusas de manga e calças. Era muito vaidosa, gostava de estar sempre com um anel, com o cabelo bem penteado e usando um arco preto, com seus grampinhos.
Para os filhos, deixou grandes ensinamentos. Para seus netos, amor e educação. Para os amigos, inspiração.
Beatriz nasceu no Rio de Janeiro e faleceu no Rio de Janeiro, aos 89 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Beatriz Bevilaqua, a partir do testemunho enviado por neta Ana Beatriz, em 10 de agosto de 2020.