Berneval Correia do Nascimento

1954 - 2021 2021 2021

Em seu bar, animaizinhos em situação de rua encontravam alimento, abrigo e muito afeto.

Nascido em uma família grande, o baiano Berneval teve seis irmãos. Aos 17 anos, recém-casado e movido pela vontade de uma vida mais próspera para a família que começava a se formar, mudou-se para São Paulo. A ideia do jovem era tentar a sorte e voltar à Bahia para buscar a esposa. Entre a partida para “o Sul” e o retorno à cidade natal, passaram-se dois anos. Foi neste intervalo que a esposa foi vítima fatal de um acidente de carro. A perda da esposa destroçou Berneval.

De volta a São Paulo, Berneval tinha uma certeza: o desejo de não casar novamente. No entanto, de um relacionamento na capital paulista nasceu seu primeiro filho, Fabiano, em 1978. Fabiano foi entregue a Berneval pela mãe. Sabendo da dificuldade em criar o filho sozinho no sudeste do país, Berneval retornou à Bahia, deixando o bebê com a avó.
O jovem batalhador voltaria a São Paulo novamente. A intenção era juntar recursos para montar um bar na cidade natal.

Quando voltou para montar o seu bar, Berneval já tinha dois filhos, Luana e Gustavo. Eles foram criados pela mães, na mesma cidade baiana de Cícero Dantas. A família se completaria com três netos, Duda e João, filhos de Fabiano, e Heitor, filho de Luana, que faleceu no parto, em 2016.

A homenagem a Berneval é feita pela sobrinha Patrícia, que conta: “ele era apaixonado por bichos. Alimentava os animais abandonados que encontravam refúgio em seu bar. Meu tio também gostava de cozinhar. Uma mesa rodeada de amigos e parentes lhe deixava feliz”, recorda. Patrícia destaca que o tio não abria mão da fogueira enorme nos festejos de São João.

Ela ainda diz:
“Ao longo da caminhada, muitas batalhas ele travou, dentre as mais difíceis, uma filha que a morte levou na flor da idade, não pôde se despedir, nem demonstrar o tamanho do seu amor. Ele não era muito bom com as palavras, muitas vezes não conseguia expressar o que sentia, mas tinha um coração imenso que dentro de si não cabia”.

Patrícia conclui:
“Conhecido como Bené, Berneval do bar, que as pessoas lembrem dele como um homem batalhador, corajoso, que mantinha um sorriso nos lábios, ainda que a vida não tenha sido tão boa com ele”.